
Carta enviada pelo governo Trump ao secretário de Segurança do estado manifesta solidariedade
O governo dos Estados Unidos enviou, nesta terça-feira (4), uma carta ao secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, expressando solidariedade pela morte de quatro policiais durante a Operação Contenção, realizada nos complexos da Penha e do Alemão.
O documento, assinado por James Sparks, representante do Departamento de Justiça norte-americano, também oferece “apoio para qualquer necessidade” no combate ao tráfico de drogas. As informações foram divulgadas pelo portal Metrópoles.
No texto, a gestão do presidente Donald Trump (Republicano) lamenta as mortes e exalta o trabalho das forças de segurança do Rio.
“Sabemos que a missão de proteger a sociedade exige coragem, dedicação e sacrifício, e reconhecemos o valor e a honra desses profissionais que deram suas vidas em defesa da segurança pública. Neste momento de luto, reiteramos nosso respeito e admiração pelo trabalho incansável das forças de segurança do estado e nos colocamos à disposição para qualquer apoio que se faça necessário”, diz o trecho.
Castro procurou os EUA
A manifestação ocorre em meio à articulação do governador do RJ, Cláudio Castro (PL), para que os Estados Unidos classifiquem o Comando Vermelho como organização narcoterrorista.
A medida permitiria sanções econômicas e bloqueio de ativos vinculados à facção, a exemplo do que já ocorre com o cartel mexicano Los Zetas e o grupo venezuelano Tren de Aragua.
No início de 2025, o governo fluminense encaminhou à embaixada norte-americana um relatório sigiloso intitulado “Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas listas de sanções e designações dos EUA”. O documento defende que a facção atende aos critérios legais para essa classificação, argumentando que sua atuação é “transnacional, sofisticada e violenta”.
Segundo o relatório, a designação abriria caminho para extradições de líderes do CV refugiados em países vizinhos, reforçaria parcerias com agências como DEA, FBI e Interpol e permitiria o bloqueio de empresas de fachada ligadas ao grupo.
Iniciativa enfrenta resistência da base governista
A iniciativa, porém, enfrenta resistência do governo federal. Nesta terça-feira, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra Castro por suposta violação da soberania nacional.
O parlamentar afirma que o governador manteve contatos diretos com representantes do governo Trump e com a agência antidrogas norte-americana (DEA), repassando informações confidenciais sobre segurança pública.
Lindbergh classificou o episódio como “ingerência estrangeira em tema de competência exclusiva da União” e defendeu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue o caso.
Negociações entre Lula e Trump
O gesto dos EUA s ocorre poucos dias após uma tentativa de aproximação diplomática entre Lula e Trump. No último dia 26 de outubro, os dois presidentes se reuniram em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Nos bastidores, no entanto, as novas sinalizações de Washington em direção ao governo fluminense são vistas como um possível recuo na reaproximação entre as administrações.
