
Presidente classificou ação que deixou 121 mortos como “desastrosa” e pediu investigação paralela da PF
O presidente Lula afirmou nesta terça-feira (4) que o governo pretende pressionar pela abertura de uma investigação paralela sobre a operação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro na semana passada, incluindo quatro policiais.
A ação, conduzida pelo governo fluminense nos complexos do Alemão e da Penha, teve como alvo o Comando Vermelho (CV) e se tornou a mais letal da história do estado.
“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, disse Lula em entrevista à Associated Press e à Reuters.
O presidente afirmou ainda que o governo articula a participação de legistas da Polícia Federal na apuração das mortes. “O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, declarou.
Segurança é o “Calcanhar de Aquiles” de Lula
Na megaoperação no Complexo do Alemão e Complexo da Penha, o governo do estado alega que o governo Lula se negou a enviar reforço das Forças Armadas ao estado. O governador Cláudio Castro afirmou que o governo federal “se recusou” ao menos três pedidos de apoio militar.
“NÃO FORAM PEDIDAS DESTA VEZ [AS FORÇAS ARMADAS] PORQUE JÁ TIVEMOS TRÊS NEGATIVAS. JÁ ENTENDEMOS A POLÍTICA DE NÃO CEDER. CADA DIA TEMOS UMA NOVA RAZÃO, PRA NÃO SER MAL-EDUCADO, PARA NÃO EMPRESTAR E PARA NÃO COLABORAR”, DECLAROU CASTRO EM ENTREVISTA COLETIVA.
Castro chegou a dizer que a ajuda das Forças Armadas seriam essenciais na operação.
“A gente entendeu que a realidade é essa, e a gente não vai ficar chorando pelos cantos. O estado, ao invés de ficar transformando em uma batalha política, tá fazendo a sua parte e tá excedendo inclusive os seus limites e até entendo as nossas competências. Mas, continuaremos excedendo elas. Se precisar exceder mais ainda, excederemos na nossa missão de servir e proteger o nosso povo”, ponderou.
Outro caso é o da Bahia, no estado administrado por aliados do PT, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 mostram crescimento expressivo nas mortes decorrentes de intervenções policiais. O levantamento indica que uma em cada quatro mortes violentas no estado foi causada por agentes públicos — proporção de 25%, superior à de São Paulo (21%) e à do Rio de Janeiro (18%).
Em 2024, 1.556 pessoas morreram em ações policiais na Bahia, número quase duas vezes maior que o registrado em São Paulo (813) e no Rio (703). Especialistas apontam que métodos semelhantes aos de milícias estariam se consolidando em algumas regiões.
O relatório também coloca cinco cidades baianas entre as dez mais violentas do país. O ranking é liderado por Maranguape (CE), com cerca de 80 mortes violentas por 100 mil habitantes, seguida por Jequié (77), Juazeiro (76), Camaçari (74), Simões Filho (7º lugar) e Feira de Santana (10º).
