
Karen Santos comparou traficantes com trabalhadores “sem seus direitos garantidos”
Em sessão plenária da Câmara Municipal de Porto Alegre (RS), a vereadora do Psol Karen Santos afirmou que traficantes envolvidos na “cadeia produtiva” de facções criminosas “são trabalhadores megaexplorados”.
A fala foi feita pela psolista ao condenar a megaoperação realizada na semana passada no Rio de Janeiro, que resultou na morte de mais de 100 narcoterroristas do Comando Vermelho (CV).
Ao lamentar críticas a “esse setor da nossa classe que procura no tráfico de drogas mecanismos de ter maior rendimento social”, a parlamentar de esquerda ainda questionou: “Quem é que se sustenta com 2 mil reais, pessoal?”.
A psolista também defendeu a regulamentação das drogas como forma de acabar com o tráfico, afirmando que a criminalização apenas superexplora quem atua na cadeia produtiva.
CONFIRA A DECLARAÇÃO COMPLETA DA PSOLISTA:
“Quer acabar com as drogas? Regulamenta.
Porque é muito interessante pro capitalismo superexplorar essa cadeia produtiva das pessoas que plantam, das pessoas que embalam, das pessoas que fazem o translado, até chegar no varejo lá na ponta, na biqueira, são trabalhadores megaexplorados, sem seus direitos garantidos, e a gente não percebe que o rendimento [é] bilionário desse setor, porque em nenhuma parte dessa cadeia produtiva há nenhum tipo de taxação de imposto.
E é esse dinheiro que é lavado depois na Faria Lima, na megaoperação que nós denunciamos no mês passado em São Paulo. Só não enxerga quem não quer ver.
E é trágico ver a extrema-direita se utilizando dessa megaoperação pra seguir promovendo o ódio, o ódio ao setor mais discriminado na nossa sociedade.
Quer acabar com a guerra às drogas? Quer avançar nessa pauta? Regulamenta. Quer avançar nessa pauta? Emprego e renda.
Sessenta por cento da nossa classe trabalhadora vive com salário de até 2 mil reais. Quem é que se sustenta com 2 mil reais, pessoal? Querem acabar com o tráfico? Emprego e renda.
Não existe política pra isso na nossa cidade, não existe política pra isso no nosso país. Construção civil de um lado, serviços de outro, trabalho plataformizado, ter que ser Uber, ter que ser entregador do iFood. É esse o tipo de emprego que o Brasil vem gerando, e a gente critica esse setor da nossa classe que procura no tráfico de drogas mecanismos de ter maior rendimento social.
Então são várias camadas, desde como é que o fuzil chega na periferia, desde como é que a droga chega na periferia, desde como é que o dinheiro do tráfico é lavado na Faria Lima, desde como esse dinheiro alimenta políticos que querem mais que a guerra continue, porque recebem investimentos da Taurus, porque recebem investimento desse setor que lucra com a tecnologia armamentista no nosso Brasil, inclusive com relações diretas com o Estado de Israel.
Então, assim, vamo [sic] parar com o rebaixamento da discussão política. O papel do parlamentar é elevar o senso comum da nossa população, não discutir problemas complexos de forma rasa, incentivando estigmas racistas e elitistas”.
