
O confronto entre a professora Jaqueline Muniz e o delegado Palumbo expôs duas visões opostas sobre o papel da polícia no Rio de Janeiro.
 
O debate aconteceu no canal do apresentador Paulo Mathias, após a operação nos morros da Penha e do Alemão, marcada por críticas à estratégia e à condução das ações.
 
Durante o debate, que rapidamente ganhou tom de embate, Jaqueline argumentou que muitas operações são mal planejadas e colocam agentes em desvantagem tática.
 
Ela afirma que faltam estrutura, preparo e critérios técnicos na definição das missões.
 
“Não dá para colocar um policial sozinho, sem visada de 360º, com arma na mão, num território acidentado como o do Alemão. Operações exigem planejamento e superioridade de meios. A polícia não é chuchu que dá em cerca.
Palumbo rebateu as críticas e defendeu a atuação das forças policiais. O delegado afirmou que as equipes enfrentam imprevisibilidade e risco constante em campo.
 
“Quando a gente vai cumprir uma operação, não sabe o que vai vir. Pode ser um drone com uma bomba, uma emboscada. A senhora fala de soberania, mas em várias comunidades o Estado não entra. Isso é uma afronta à soberania”, afirmou.
O delegado também criticou o que chamou de “teorização excessiva” sobre segurança pública.
 
“É difícil discutir quando se fala só de método e número. Enquanto isso, os policiais estão morrendo no morro”, disse.
Apesar das interrupções e do tom acalorado, o apresentador Paulo Mathias tentou intermediar o diálogo.
 
Antes do encerramento, o delegado voltou a criticar o discurso da professora. Ele afirmou que Jaqueline entende de teoria, mas desconhece a realidade do trabalho policial nas comunidades.
 
“Você não tem a menor noção do que é subir o morro. Fica cagando regra aí”, disse Palumbo, encerrando o debate em clima de tensão no estúdio.
O delegado Palumbo comentou sobre a megaoperação no Rio de Janeiro em entrevista exclusiva ao canal da Brasil Paralelo.
 
 
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O que foi a megaoperação no Rio de Janeiro?
A megaoperação realizada na última terça-feira (28) mobilizou cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar e cumpriu 160 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV). O objetivo era conter o avanço da facção na zona norte da capital.
 
Durante a ação, houve resistência armada, explosões e até ataques com drones, que lançaram bombas contra os policiais. O saldo inicial divulgado pelo governo estadual foi de 64 mortos, entre eles quatro policiais.
 
Segundo a Defensoria Pública do Rio, o número chegou a 132, com 128 civis e quatro agentes.
 
Moradores relataram tiroteios intensos e fuga de criminosos por rotas alternativas. Nas redes sociais, surgiram vídeos mostrando homens armados se preparando para o confronto horas antes do início da operação.
 
O saldo e as reações
Além das mortes, a operação deixou 12 policiais baleados, quatro deles mortos, e resultou em 81 prisões. A cidade viveu um dia de paralisia: escolas suspenderam aulas, comércios fecharam e ruas ficaram vazias.
 
O caso ainda está sob apuração. O governo estadual e o Ministério Público devem avaliar se houve falha no sigilo da operação ou simples previsibilidade diante da mobilização de tropas.
 
Por enquanto, o que se sabe é que a ação expôs novamente a complexidade do combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, onde cada avanço da polícia traz, junto, novas perguntas sobre segurança, estratégia e controle.
