
Um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta sexta-feira (31) revela que 69,6% da população do município do Rio de Janeiro aprovam a operação “Contenção”, deflagrada pela Polícia Militar e Civil contra a facção Comando Vermelho, na última terça-feira (28), nos complexos do Alemão e da Penha. A ação resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais, e na prisão de mais de uma centena de suspeitos.
Apesar das fortes críticas de setores políticos e de entidades de direitos humanos, os dados mostram que a maioria da população enxerga a operação como legítima, necessária e até insuficiente.Livros sobre política
De acordo com o instituto, 60,1% dos entrevistados afirmaram que não houve excessos por parte das forças de segurança. Apenas 29,4% disseram que houve exageros e 7% avaliaram que ocorreram “alguns excessos”, revelando uma percepção popular mais indulgente que o discurso oficial de parte da esquerda política. Outros 3,25% não souberam ou preferiram não responder.
O dado desafia diretamente a retórica de parlamentares do PSOL, PT e PCdoB, que protocolaram pedidos de investigação e até prisão preventiva do governador Cláudio Castro (PL), acusando-o de “comandar uma chacina”.
Questionados sobre a necessidade de mais operações como a de terça-feira, 67,9% dos cariocas se disseram favoráveis, enquanto 26,6% são contra. Apenas 5,5% não souberam opinar.
Esse número reforça o respaldo popular ao endurecimento do combate ao crime organizado, inclusive com uso de força letal, desde que amparado por mandados e ações planejadas — como defendem os comandantes da operação e o governador fluminense.
Ainda segundo o levantamento, 53,1% dos entrevistados acreditam que ações desse tipo ajudam a reduzir a criminalidade, enquanto 41,6% acreditam que tais operações agravam a violência. A divisão revela que, embora o apoio à operação seja majoritário, a opinião pública ainda se mostra dividida quanto à eficácia a longo prazo.
A pesquisa surge em momento crítico para o governo Lula (PT), pressionado pela oposição por suposta omissão diante da escalada da violência no Rio. A resposta do Planalto, com o envio do chamado “PL Antifacção” ao Congresso, foi interpretada por aliados de Cláudio Castro como uma tentativa tardia de recuperar protagonismo e abafar críticas.
A reação do presidente também foi duramente criticada por Sergio Moro (União-PR), que chamou o projeto de “cavalo de troia” e acusou o governo de “passar pano” para facções ao não equiparar essas organizações ao terrorismo.
O apoio popular registrado pelo Paraná Pesquisas pode reforçar o discurso de governadores de direita que defendem operações mais duras e frequentes, e também fortalece Castro no embate com ministros do STF e parlamentares de esquerda.
A pesquisa ouviu 800 eleitores no município do Rio de Janeiro em 30 de outubro de 2025. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
