Offline
https://public-rf-upload.minhawebradio.net/113401/slider/9f22fe65968d79b6f45efc1523e4c4aa.png
https://public-rf-upload.minhawebradio.net/113401/slider/80a574611830c0240c40e4d3d91929b3.png
Nunca falei com Queiroz e não sou o ‘Anjo’, diz advogado dos Bolsonaros
Últimas Notícias
Publicado em 20/06/2020

Dono do escritório em Atibaia (SP) onde Fabrício Queiroz foi preso na última quinta-feira (18), o advogado Frederick Wassef se diz vítima de uma armação para incriminar o presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo.

 

“Não sou o Anjo”, afirmou à Folha, referindo-se ao apelido dado a ele pela família do presidente e que deu nome à operação desta semana do Ministério Público do Rio de Janeiro.

 

Essa foi a primeira manifestação de Wassef desde a prisão de Queiroz.

 

 

Defensor do presidente Bolsonaro (sem partido) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Wassef nega que tenha abrigado Queiroz e que tenha mantido contatos com sua família.

 

“Nunca telefonei para Queiroz, nunca troquei mensagem com Queiroz nem com ninguém de sua família. Isso é uma armação para incriminar o presidente.”

 

Queiroz, policial militar aposentado, ex-assessor de Flávio e amigo do presidente Bolsonaro, foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo. O mandado de prisão foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro —ele não era considerado foragido.

 

 

Queiroz estava em um imóvel de Wassef, figura constante no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e em eventos no Palácio do Planalto.

 

Segundo o advogado da família Bolsonaro, Queiroz, em tratamento contra um câncer, foi submetido a duas cirurgias na Santa Casa de Bragança Paulista (SP). “Não é verdade que tenha passado um ano no meu escritório.”

 

Wassef diz ainda que seu escritório em Atibaia estava em obras e que plantaram um malote lá, em uma referência a policiais civis de São Paulo que coordenaram a prisão de Queiroz. “Meu escritório estava em obras. Os móveis estavam do lado de fora. Não tinha nada lá. Vi na TV que encontraram um malote. Isso foi plantado.”

 

“Não escondi ninguém“, acrescentou Wassef. “Estão me atribuindo coisas que não fiz. O escritório estava vazio. Os móveis estavam do lado de fora da casa. Tudo estava fora do lugar.”

 

Wassef tem pelo menos nove procurações para advogar em nome do clã Bolsonaro. São três de Bolsonaro, três de Flávio e outras três assinadas pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

 

Sua relação com os Bolsonaros extrapola, porém, o campo jurídico. Amigo do presidente há seis anos, Wassef deixa marca de sua influência até na estrutura do governo, já que foi ele quem apresentou o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, ao então deputado Jair Bolsonaro.

 

Wassef orgulha-se de ter sido, em sua versão, o primeiro a incentivar a candidatura de Bolsonaro à Presidência. O criminalista, que tomou a iniciativa de se aproximar de Bolsonaro em 2014, declara amor ao presidente —segundo ele, um homem puro, até ingênuo.

 

Internado para o tratamento de um câncer, o advogado assistiu a um vídeo de Bolsonaro em favor do controle da natalidade e decidiu telefonar para o gabinete do deputado. À secretária insistiu para que fosse atendido. Os dois marcaram um encontro que aconteceria meses depois.

 

O advogado é, por exemplo, apontado como o responsável pela opção de Bolsonaro pelo Hospital Albert Eistein quando o então candidato à Presidência foi esfaqueado em atividade de campanha em Juiz de Fora (MG), rejeitando oferta para que fosse transferido para o Hospital Sírio-Libanês.

 

Foi ele também quem ditou a estratégia jurídica de Flávio, vencendo uma queda de braço com o então presidente do PSL e também advogado Gustavo Bebianno, morto em março de 2020.

 

Queiroz é apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como operador financeiro da suposta “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia, onde ele exerceu mandato de deputado estadual entre fevereiro de 2003 e janeiro de 2019.

 

A “rachadinha” é a prática de recolhimento de parte dos salários de assessores de um gabinete para fins diversos. No caso do filho do presidente, a suspeita é de que o senador era o beneficiário final da maior parte dos valores.

 

Investigadores identificaram o costume de pagamento de despesas pessoais do senador com dinheiro vivo. O MP-RJ identificou, por exemplo, que Queiroz foi o responsável por quitar boletos de mensalidade escolar das filhas do senador em outubro deste ano.

 

Tanto Wassef como a família Bolsonaro afirmavam que não tinham contato com Queiroz desde que o suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio veio à tona, no final de 2018.

 

Em recente entrevista à Folha, no início de maio, questionado se havia se reunido com advogados de Queiroz ou com alguém ligado a ele, Wassef respondeu que não. Em seguida, indagado se Flávio havia rompido com Queiroz, advogado disse: “Nunca mais. Desde o fim de 2018, nunca mais ninguém da família Bolsonaro teve qualquer contato o senhor Queiroz.”

 

Do FolhaPress | Em: 20/06/2020 às 16:38:52

Comentários
Comentário enviado com sucesso!