O Ministério Público Federal (MPF) encontrou nas contas correntes do policial militar Diego Sodré de Castro Ambrósio, suspeito de envolvimento no suposto esquema de rachadinhas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Alerj, movimentações “de quantias em espécie incompatíveis com o cargo que ocupa”. Os dados constam de uma investigação aberta a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre transações financeiras do militar.
O caso foi transferido para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) junto com a investigação sobre possível lavagem de dinheiro por parte do senador em negociações imobiliárias, a qual o MPF também entendeu ser de atribuição estadual. O GLOBO revelou nesta terça-feira que o procurador Sérgio Pinel entendeu ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo o filho mais velho do presidente.
De acordo com o procurador Sérgio Pinel, que investigou as suspeitas envolvendo Flávio e Ambrósio, o Coaf apontou o pagamento de um boleto em nome de Fernanda Bolsonaro, mulher de Flávio, no valor de R$ 16,5 mil feito pelo policial em 2016. Além disso, o Coaf relatou “outras transações suspeitas” do policial militar. O pedido de Pinel para remeter o caso ao MP-RJ foi homologado pela 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
No pedido de busca e apreensão autorizado pelo TJ-RJ em endereços ligados ao senador, em dezembro do ano passado, os promotores do MP-RJ afirmaram que Ambrósio era usado no esquema de lavagem de dinheiro de Flávio. Nessa ocasião, foi mencionado pela primeira vez o pagamento do boleto para a mulher do senador, referente à parcela da compra de um imóvel. No recibo do pagamento, foi descrito pelo policial “conta Flávio”.
Em 2014, o policial abriu a empresa de vigilância Santa Clara Serviços. Nos anos seguintes (2015 a 2018), foram identificados transferências bancárias e depósitos em cheque do próprio Ambrósio e da Santa Clara para a conta corrente da loja de chocolates de propriedade de Flávio Bolsonaro. Segundo a investigação do MP-RJ, a contabilidade da loja era usada por Flávio para mascarar dinheiro devolvido por seus assessores na Alerj.
Do Agência O Globo | Em: 16/06/2020 às 15:04:52