Ao completar um ano e meio de governo, o presidente Jair Bolsonaro pretende dar um reforço à ala conservadora e adepta do ideólogo Olavo de Carvalho em sua política externa. Nesta segunda-feira, uma portaria publicada no Diário Oficial da União deu ao olavista Filipe Martins o cargo de chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência. Do outro lado da Esplanada, no Itamaraty, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, estuda a contratação de duas personalidades que não fazem parte da carreira diplomática para prestar consultoria estratégica.
Os nomes que circulam nos bastidores são de Gerald Brant, filho de pai brasileiro com mãe americana, executivo do mercado financeiro americano, conservador e defensor do livre mercado, próximo do estrategista Steve Bannon; e Antônio Testa, professor da Universidade de Brasília, que desempenhou um papel importante na fase de transição entre os governos Bolsonaro e Michel Temer, no fim de 2018. Testa não é considerado “olavista”, ou radical. Enquadra-se mais como apoiador e consultor informal do governo.
A promoção de Filipe Martins foi comemorada pelo próprio e figuras a ele associadas, como os deputados Eduardo Bolsonaro — filho do presidente da República — e Helio Lopes, militar e amigo de longa data de Bolsonaro. A publicação da portaria tem um sabor especial de vitória para Martins que, em fevereiro deste ano, foi removido do cardo de assessor especial da Presidência para a SAE, gerando uma onda de boatos de que teria perdido atribuições.
No caso de Brant — cuja provável contratação pelo governo brasileiro foi antecipada na última sexta-feira, pelo jornal “Valor Econômico” — a ideia é que ele exerça a função de consultor do Itamaraty. O mesmo está sendo pensado para Testa, que chegou a assumir um cargo no Ministério da Educação no início do governo, mas acabou voltando para a Universidade de Brasília.
A contratação de duas pessoas que não fazem parte da carreira diplomática passou a ser possível logo no início do mandato de Bolsonaro, graças a um decreto permitindo a nomeação de três assessores fora do Itamaraty. Na época, a medida gerou polêmica.
Do Agência O Globo | Em: 08/06/2020 às 18:02:10