“Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, tubaína.” A frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro na última terça-feira (19) repercutiu mal entre deputados federais de Goiás. Principalmente porque o Brasil superou, naquele dia, a marca de mil mortes causadas por coronavírus em 24 horas.

O deputado federal Rubens Otoni (PT) disse que Bolsonaro “cada vez mais se desmoraliza e demonstra que não está à altura do cargo de presidente”. Além disso, para ele, foi “uma demonstração de incapacidade” política e gerencial é o “caos na saúde, onde demitiu dois ministros em menos de um mês e numa crise sanitária sem precedentes insiste com um ministro interino que é da área de logística”.

Substituto de Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich entregou o cargo de ministro da Saúde no último dia 15, sem justificar a saída, além de dizer que esta foi escolha dela. Seu substituto, general Eduardo Pazuello, assumiu interinamente o cargo – e ainda permanece.

O militar chegou no mês passado para auxiliar na transição de Mandetta para Teich e era o segundo da pasta da Saúde. Em entrevista a Veja, em abril, ele admitia ser “leigo” na área e que sua missão era temporária, apenas e organização. A especialidade dele são as tarefas administrativas ou logísticas.

Outro opinião

O deputado federal Zacharias Calil é do DEM. Diferente do PT, o DEM é uma sigla mais conservadora, de direita. Médico, Zacharias avaliou a fala de Bolsonaro como “infeliz”. “Não interessa se é de direita ou esquerda, pois são seres humanos que precisam ser tratados com respeito. não podemos colocar a política na Saúde”, declarou o goiano.

Para ele, é preciso ter respeito, inclusive, pela oposição. “Como temos lá na Câmara. Analisamos o lado pessoal e não partidário, na medicina não existe isso. Você é do PT vou te tratar de um jeito, ou da direita de outra forma, isso não existe. Temos um juramento. Foi muito infeliz, uma piada muito sem graça. Não leva a nada”.

Fala

A fala de Bolsonaro foi dada em entrevista ao jornalista Magno Martins. Antes da “brincadeira”, o presidente havia afirmado que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, assinaria na manhã desta quarta (20), um novo protocolo que permitia, inclusive, o uso de cloroquina em casos mais leves.

Na ocasião, Bolsonaro ressaltou, ainda, que o documento não obrigará nenhum paciente a ser medicado com a substância, mas dará a liberdade para que ele faça uso do remédio caso julgue necessário. Destaca-se que estas diretrizes sobre o medicamento podem ter levado Nelson Teich a pedir demissão, na última semana.

Sobre a “brincadeira”, Bolsonaro disse aos risos: “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, tubaína.”

Francisco Costa

Do Mais Goiás | Em: 20/05/2020 às 17:04:18

 Samuel straioto

Do Mais Goiás | Em: 20/05/2020 às 17:04:18