Um grupo de manifestantes fechou as ruas de uma das áreas mais pobres da capital chilena, Santiago, em protesto contra os valores oferecidos pelo governo a famílias que perderam suas fontes de renda por causa da quarentena imposta na cidade. De acordo com os líderes do ato, muitas pessoas já estão passando fome.
— Nas últimas semanas tivemos uma grande demanda de moradores por comida. Estamos em uma situação de fome e falta de trabalho muito complexa — disse o líder da comuna (divisão administrativa) de El Bosque, Sadi Melo. Ele diz ainda que o programa de renda familiar de emergência, lançado pelo governo chileno para ajudar as famílias, não é suficiente, e revela que usou recursos da administração local par comprar 2 mil cestas básicas.
No domingo, o presidente Sebastián Piñera anunciou novas medidas para enfrentar o impacto econômico da pandemia no país, incluindo a distribuição de 2,5 milhões de cestas básicas e itens de primeira necessidade. Ele não sinalizou, contudo, mudanças no programa de renda emergencial.
O Chile viveu uma onda de protestos contra o governo iniciados em outubro do ano passado, que levaram à promessa de mudança da Constituição herdada da ditadura e que não considera a saúde e a educação como direitos da população.
Com o início da pandemia, reuniões com mais de 50 pessoas foram proibidas, o que não impediu a realização de atos esporádicos. Um plebiscito que perguntará aos chilenos se eles concordam com a mudança da Carta e a convocação de uma Assembleia Constituinte foi adiado de abril para outubro.
De acordo com a Universidade Johns Hopkins, o Chile registra 46 mil casos e 473 mortes pela Covid-19.
Do Agência O Globo | Em: 18/05/2020 às 21:42:24