
Deputado questiona participação de autoridades no lançamento do canal e critica atuação do STF
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou uma entrevista ao vivo no recém-lançado SBT News para confrontar a emissora sobre a presença de autoridades políticas no evento de inauguração do canal, realizado na última sexta-feira (12).
A cerimônia marcou o lançamento oficial do canal, com estreia prevista para segunda-feira (15), e contou com a presença do presidente Lula e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, entre outras autoridades.
Ao comentar o evento, Nikolas mencionou o fundador da emissora, Silvio Santos, e fez críticas diretas à presença de autoridades.
“Na semana passada houve aqui um evento no SBT com diversos políticos, e isso é saudável para a democracia. Agora, a presença de políticos não é um problema, mas me incomoda ver um presidente que não condena atos de terrorismo contra judeus em uma emissora fundada por um judeu, que é o Silvio Santos”, afirmou.
Na sequência, o deputado direcionou críticas ao ministro do STF.
“Acredito que o grande problema é Alexandre de Moraes, que não é jornalista nem crítico político, muito menos imparcial. Quando sobe ao palco para fazer discurso político e se autopromover, isso fere princípios do SBT”, completou.
O jornalista Leandro Magalhães, que conduzia a entrevista, respondeu que o SBT não fez convites seletivos para o evento. Segundo ele, diversas autoridades foram convidadas e a participação de Moraes ocorreu de forma institucional, como representante do STF. Disse ainda que o objetivo foi cumprir protocolo compatível com os cargos ocupados, sem criar palanque político.
Magalhães reforçou que o SBT News tem como pilar um jornalismo baseado em fatos, com espaço para diferentes visões por meio de comentaristas, sem opiniões pessoais dos apresentadores.
Na entrevista, Nikolas também abordou o equilíbrio entre os Três Poderes, as eleições presidenciais de 2026, a tramitação de projetos no Congresso e voltou a criticar decisões do STF.
“A Câmara e o Senado precisam retomar o seu poder. Antes se falava muito em harmonia entre os Poderes, mas hoje isso não existe mais. O Congresso está subjugado ao Judiciário e, em alguns momentos, também ao Executivo”, disse.
O deputado afirmou que a dificuldade de legislar decorre de um desequilíbrio institucional.
“Não estamos conseguindo legislar porque todas as decisões do Brasil estão passando por apenas um Poder”, declarou.
Ao comentar decisões do STF no período eleitoral de 2022, Nikolas disse ter tido redes sociais suspensas durante o segundo turno.
“Até hoje, só duas pessoas sabem o motivo da derrubada das minhas redes sociais: Alexandre de Moraes e Deus. Ninguém mais teve acesso ao processo, e eu só retomei minhas redes sociais por conta de uma pressão política. Afinal de contas, ficaria muito feio o deputado mais votado do Brasil não ter suas redes sociais quando fosse empossado”, afirmou.
Sobre as eleições de 2026, defendeu que o eleitor priorize a escolha de deputados e senadores.
“O Brasil precisa se atentar muito à eleição de deputados e senadores, porque só assim conseguimos fazer uma mudança gradual”, disse.
Ele também comentou o Projeto de Lei da Dosimetria, que revisa penas impostas a condenados pelos atos de 8 de janeiro.
“Nós sabemos que isso não é o ideal, mas é o possível. A anistia já foi concedida a pessoas que cometeram crimes de guerra, que saquearam bancos, que explodiram carros. E agora a esquerda não está dando a mesma clemência para pessoas que pegaram um batom e escreveram ‘perdeu, mané’ em uma estátua”, declarou.
O deputado afirmou que a proposta pode permitir progressão de regime e reduzir o impacto das condenações sobre famílias dos presos.
“Com a dosimetria, essas pessoas poderão voltar para casa, ir para o regime aberto. Para um pai, uma mãe de família, para um filho que pode dormir em casa, ir à escola, levar o filho à igreja, isso é muito importante”, disse.
Ao final, criticou o que chamou de seletividade no discurso sobre direitos humanos.
“Essas pessoas são brasileiras como todos nós. A clemência que durante anos a esquerda pediu em nome dos direitos humanos está sendo ignorada agora. Não tenho dúvidas de que, se essas pessoas estivessem vestidas de vermelho, já estariam soltas. Mas estavam de verde e amarelo”, afirmou.
A troca de falas repercutiu nas redes sociais e ocorreu logo na abertura da entrevista, antes mesmo do canal completar seus primeiros dias no ar.