Decisão segue expectativa do mercado e reflete preocupação com mercado de trabalho fragilizado

O Federal Reserve (FED) cortou nesta quarta-feira (10) a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para a banda entre 3,5% e 3,75%. A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado, enquanto o banco central dos EUA trabalha com lacunas nos dados econômicos causadas pelo shutdown de 43 dias.

O corte foi o terceiro consecutivo em 2025. Na reunião de outubro, o Fed havia reduzido a taxa para a faixa de 3,75% a 4%. As projeções divulgadas hoje indicam apenas um corte adicional em 2026, frustrando agentes financeiros que esperavam ao menos duas reduções.

O banco central dos EUA justificou a decisão pelo enfraquecimento do mercado de trabalho. Segundo o Fomc, a criação de empregos diminuiu neste ano, e o desemprego subiu. “Indicadores mais recentes são compatíveis com esses movimentos”, afirmou o comitê. A inflação segue em 3%, acima da meta de 2%.

O comunicado aponta que “a incerteza sobre as perspectivas econômicas continua elevada” e que aumentaram “os riscos negativos para o emprego”. O colegiado reforçou que continuará monitorando dados e está “preparado para ajustar a política monetária, se necessário”.

A votação não foi unânime: nove dos doze membros votaram pelo corte de 0,25 ponto. O diretor Stephen Miran defendeu redução maior, de 0,50 ponto, enquanto dois integrantes preferiram manter a taxa.

Em entrevista, Jerome Powell afirmou que o Fed deve aguardar antes de promover novos cortes.

“Após reduzir nossa taxa básica em 0,75 ponto desde setembro deste ano e em 1,75 ponto desde setembro do ano passado, os juros agora estão dentro de um amplo intervalo estimado como neutro. Estamos bem posicionados para aguardar e observar como a economia evolui”, disse.

Powell reiterou que “a política monetária não segue um curso pré-determinado” e que as decisões serão avaliadas “reunião por reunião”.

Interferência política e sucessão no Fed

O presidente dos EUA, Donald Trump, mantém críticas públicas a Powell e afirmou que anunciará no início de 2026 o nome para substituí-lo. O mandato do atual presidente do Fed termina em maio do próximo ano. Entre os cotados estão Kevin Hassett e os governadores Christopher Waller e Michelle Bowman.

Trump confirmou que apoiará candidatos que defendam reduções de juros. Ele já indicou Stephen Miran para a diretoria e tenta substituir Lisa Cook, cujo caso será analisado pela Suprema Corte em janeiro.