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78 dos 99 mortos identificados no RJ tinham passagens por crimes graves, diz polícia
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 31/10/2025 19:16
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O governo do Rio de Janeiro afirmou nesta sexta-feira (31) que até o momento 99 mortos na Operação Contenção, contra o Comando Vermelho, foram identificados.

 

 

Segundo a gestão Cláudio Castro (PL), 40 dos identificados são de outros estados: 13 do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, um da Paraíba, quatro de Goiás, um do Mato Grosso e três do Espírito Santo.

 

De acordo com o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil, desses 99 identificados, 42 tinham mandado de prisão pendente e ao menos 78 tinham histórico criminal relevante, como homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa.

 

 

Nenhum deles, porém, faz parte da lista de suspeitos citados na denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro que baseou a operação, segundo cruzamento feito pela reportagem.

 

 

A denúncia levou a Justiça a emitir mandados de prisão contra lideranças do Comando Vermelho na região, como Edgar Alves de Andrade, o Doca. Ele não foi encontrado pela polícia e continua foragido.

 

Durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (31), o governo tratou todos os 117 suspeitos mortos na operação nos complexos do Alemão e da Penha como “narcoterroristas”.

 

A divulgação acontece três dias após a ação policial mais letal da história brasileira, com 121 mortos –sendo quatro policiais.

 

 

Os dados mostram que o Rio de Janeiro abrigava lideranças criminosas de quatro das cinco regiões do país, demonstrando o alcance nacional da atuação do Comando Vermelho, segundo a polícia. Pelo menos um terço dos presos na operação também é de fora do estado.

 

As informações preliminares apontam que os complexos do Alemão e da Penha funcionavam como centros de comando, tomada de decisão e treinamento tático da facção narcoterrorista, também de acordo com a investigação. Há indícios de que integrantes recebiam instruções de armamento, tiro, uso de explosivos e táticas de combate.

 

 

As forças de segurança afirmaram que a facção movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês nessas áreas. Tanto o Alemão quanto a Penha serviriam como polos de abastecimento, distribuindo drogas e armas para outras comunidades controladas pelo grupo criminoso. A investigação mostra ainda que cerca de 50 fuzis eram negociados mensalmente a partir dessas regiões.

 

 

As apurações indicam que pelo menos 24 comunidades –entre elas o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, a Rocinha, o Complexo da Maré, o Jacarezinho e o Complexo do Lins– são diretamente abastecidas por esses fluxos.

 

A Polícia Civil disse estar finalizando documento que reúne a qualificação dos criminosos mortos e uma análise detalhada sobre o papel estratégico dos complexos da Penha e do Alemão dentro da estrutura da organização criminosa.

 

Curi defendeu mobilização nacional contra o crime. “É preciso que haja uma mobilização nacional no sentido de combate a essa organização criminosa. Importante que a legislação existente, completamente desconectada da realidade, seja atualizada para que as polícias possam dar uma resposta a altura”, disse.

 

Victor Santos, secretário de Segurança Pública, afirmou que não vai ocorrer ocupação militar de favelas, o que não seria solução para o combate ao crime organizado. De acordo com ele, a saída é a retomada dos territórios, plano que estaria sendo construído.

 

Ele também disse que a Operação Contenção é contínua, uma política pública, que já teve outras fases, e que a ação de terça-feira (28) foi mais uma delas.

 

 

Todos os corpos já passaram por perícia, em esquema especial que reuniu a Polícia Civil e o Ministério Público, e 89 foram liberados para retirada pelos familiares, segundo as autoridades.

 

O trabalho no IML (Instituto Médico Legal) é realizado por peritos da Polícia Civil e acompanhada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que deve elaborar laudos próprios com peritos independentes.

 

A Defensoria Pública afirmou nesta quinta-feira (30) que pediu para acompanhar as perícias nos corpos recolhidos após a operação nos complexos do Alemão e da Penha, mas que foi negada a entrada no IML.

 

A entidade argumenta que o acompanhamento faz parte da atuação na ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

 

A Polícia Civil afirmou que o acesso ao IML está limitado a policiais civis e membros do MP.

 

A operação

A operação policial tinha como objetivo prender membros do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade.

 

A ação e a resposta do Comando Vermelho —que usou armamento pesado e ordenou o fechamento de vias— deixou diversas regiões da segunda maior cidade do país com um cenário de guerra, com caos nas ruas, tiroteios e veículos queimados.

 

Suspeitos de integrar o Comando Vermelho chegaram a usar drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população da Penha, para atrasar o avanço das forças de segurança durante a manhã desta terça.

 

A invasão nas comunidades foi considerada um “sucesso” pelo governador Cláudio Castro (PL), que, na manhã de quarta-feira (29), fez um balanço e afirmou que o episódio deixou apenas quatro vítimas, em referência aos policiais que morreram durante o confronto.

 

 

A megaoperação policial tinha como objetivo cumprir 70 mandados de prisão de membros do Comando Vermelho em 180 endereços. Segundo o governo estadual 113 pessoas foram presas na ação, mas não divulgou quantos mandados foram cumpridos. Além disso, os agentes apreenderam mais de cem fuzis que eram usados pela facção.

 

A operação, no entanto, não conseguiu prender Edgar Alves de Andrade, o Doca, principal líder da facção, que segue foragido.

 

Ele era o principal alvo da operação e já tinha mandado de prisão preventiva expedido antes da ação.

 

Segundo Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio, Doca usou traficantes para fazer uma barreira e escapar. O Disque Denúncia do Rio oferece R$ 100 mil para quem tiver informações sobre ele.

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