

Entre as cinco pessoas presas por suspeita de desviar quase R$ 2 milhões ao simular a contaminação de militares pelo Césio-137 em operação da Polícia Civil, na quinta-feira (30), está o médico Luciano Henrique da Silva. Conforme informações da TV Anhanguera, nesta sexta-feira (31), o profissional trabalhou no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação (Crer) em Goiânia e atendeu até junho deste ano.
Segundo a corporação, Luciano fornecia laudos falsos para atestar problemas de saúde devido à exposição ao elemento radioativo. Com esses documentos, o núcleo jurídico do grupo protocolava ações judiciais. O prejuízo causado estimado é de quase R$ 2 milhões.
Ainda em outro documento divulgado pela TV, consta um mandado de prisão em aberto contra Luciano por dívida de pensão alimentícia de R$ 3.643,51. O médico e os demais presos em prisão temporária estão na Casa do Albergado. São eles: os advogados Letícia Pereira Silva Neto, Guilherme Alves de Matos Bites e Breno Brandão Silva, e o engenheiro Ricardo André Marques.
O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa dos citados. Caso haja interesse, o espaço segue aberto. O portal também pediu uma posição ao Crer. A unidade informou que o profissional atuava por empresa empresa terceirizada e que seu nome deixou de constar nas escalas em 2023, ficando inativo a partir de julho deste ano.
Nota do Crer:
“O Crer esclarece que, o profissional citado na matéria do jornal primeira edição, não integra o corpo clínico do Crer. Ele atuou por meio de empresa terceirizada, tendo prestado serviços apenas na data de 25 de fevereiro de 2023. Após esse período, seu nome deixou de constar nas escalas da unidade, encontrando-se inativo desde julho de 2025, conforme registros internos e declaração da empresa prestadora de serviços.”
Operação Césio 171
Durante a ação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão domiciliar e cinco mandados de prisão temporária na Região Metropolitana de Goiânia. O prejuízo estimado aos cofres públicos chegaria a R$ 79 milhões, caso o esquema seguisse. O dano efetivo apurado, contudo, foi de cerca de R$ 1,7 milhão.
As investigações apontam que o grupo utilizava documentos falsos, laudos médicos forjados e ações judiciais fraudulentas para ajuizar processos em nome de militares estaduais, alegando exposição ao elemento radioativo Césio 137. Com isso, buscavam isenção indevida de imposto de renda, benefício previsto apenas para casos comprovados de doenças graves. A polícia destacou que a organização agia de forma estruturada, com divisão de tarefas e acesso a informações sigilosas.
Vale citar que esta é a segunda fase da Operação Césio 171. Na etapa anterior, a Deic identificou os primeiros indícios da falsificação de documentos e mapeou os profissionais envolvidos na fraude. O nome da operação faz referência ao Césio 137, símbolo do maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear, ocorrido em Goiânia, em 1987.
A Polícia Civil segue analisando o material apreendido e não descarta novas prisões. Segundo o delegado responsável, o objetivo é recuperar valores desviados e impedir que o esquema continue ativo por meio de novas ações judiciais. Documentos apreendidos passarão por perícia.
Primeira fase
A investigação começou após a denúncia de médicos contra a advogada Ana Paula Pereira Matos, filha do engenheiro Ricardo. Ela estaria utilizando a assinatura de profissionais da saúde para o esquema. A investigação apontou que o escritório dela mantinha o dinheiro das três primeiras isenções.
Ela foi presa no ano passado, mas solta dias depois. Nessa fase, ela não foi alvo.
