O governo de Israel anunciou, neste domingo (26), que autorizou equipes da Cruz Vermelha e do Egito a ingressarem em Gaza e procurarem os corpos de reféns mortos além da “linha amarela” que demarca o recuo militar israelense na Faixa de Gaza. A informação foi divulgada por um porta-voz do governo de Binyamin Netanyahu.
Dos 28 cadáveres de sequestrados que permaneciam em poder do grupo terrorista Hamas, 15 foram devolvidos às autoridades israelenses e puderam ser velados por suas famílias. A facção palestina afirma ter dificuldade de recuperar os 13 restantes sob o argumento de que os corpos estão sob escombros de construções atingidas por bombardeios de Tel Aviv.
Também neste domingo, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que Israel sozinho decidiria quais países permitiria participar de uma planejada força internacional em Gaza, dando a entender que manterá o controle sobre a segurança do território palestino.
Na madrugada deste domingo (26), um comboio egípcio de veículos e caminhões que transporta maquinaria pesada de construção entrou na Faixa de Gaza com o objetivo de ajudar a localizar os corpos dos reféns sequestrados pelo Hamas.
De acordo com o jornal Times of Israel, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu aprovou pessoalmente a entrada de uma equipe do Egito acompanhada por vários veículos de engenharia para colaborar na localização dos corpos.
Em 17 de outubro, um funcionário turco havia anunciado que uma equipe de 81 socorristas enviados pela Turquia para buscar corpos aguardava no Egito a autorização para entrar no território palestino. Contudo, os socorristas turcos não obtiveram o aval de Israel.
Conforme o acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel, negociado com base no plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o grupo terrorista entregou em 13 de outubro — em troca de cerca de 2.000 prisioneiros palestinos — os 20 reféns vivos que ainda permaneciam retidos em Gaza desde outubro de 2023.
Pelo acordo, uma coalizão de potências principalmente árabes e muçulmanas deve enviar tropas para o território palestino. No entanto, Netanyahu, que se opõe a que o rival regional Turquia tenha um papel na força conjunta, disse: “Deixamos claro com relação às forças internacionais que Israel determinará quais forças são inaceitáveis para nós”.
A Corte Internacional de Justiça, ligada às Nações Unidas, afirmou na quarta-feira (22) que Israel tem a obrigação de garantir que as necessidades básicas da população civil da Faixa de Gaza sejam atendidas.
O parecer foi emitido a pedido da ONU, que solicitou ao tribunal com sede em Haia que esclarecesse as responsabilidades de Israel perante a organização e suas agências. A corte disse que Tel Aviv não deve usar a fome como “método de guerra” e precisa colaborar com as operações de ajuda humanitária coordenadas pela ONU, incluindo a UNRWA, responsável pelo atendimento a refugiados palestinos.
O escritório humanitário da ONU afirma que Israel negou ou impediu 45% das 8.000 missões humanitárias solicitadas em Gaza desde 2023.
A decisão ocor
reu em meio à crise humanitária provocada pela ofensiva militar. O acordo de cessar-fogo, costurado pelos Estados Unidos, está sob risco de ruir, e Tel Aviv ameaçou cortar entrada de ajuda humanitária caso o Hamas não cumpra sua parte dos termos acertados.
O acordo de paz inclui a entrada de 600 caminhões de ajuda por dia no território, onde a maioria dos 2 milhões de palestinos tem sido deslocada de suas casas. Israel já acusou o Hamas de desviar alimentos enviados, o que o grupo nega, e argumentou que as restrições à ajuda visam a pressionar a facção.
Binyamin Netanyahu disse neste domingo que, como um Estado soberano, Israel determinará sua política de segurança e com quais forças estrangeiras trabalhar.
“Nós controlamos nossa própria segurança e deixamos claro às forças internacionais que Israel decidirá quais forças são inaceitáveis para nós — e é assim que agimos e continuaremos a agir”, disse o primeiro-ministro israelense no início de uma reunião de gabinete.
“Isso é, naturalmente, aceito pelos Estados Unidos, como seus representantes mais graduados expressaram nos últimos dias”, declarou o premiê.
