
O juiz Antônio Fernandes de Oliveira definiu a data do novo julgamento de Felipe Gabriel Jardim, o homem que matou a tiros o ex-sogro, João do Rosário Leão, dentro de uma farmácia no setor Bueno (em Goiânia) em 2022. O réu voltará a se sentar diante do corpo de jurados no dia 19 de janeiro de 2026. Essa será a segunda tentativa de dar fim ao processo. A primeira foi na última quarta-feira, 15 de outubro, mas a sessão foi cancelada porque uma jurada passou mal e teve que ser levada para o hospital.
“A família já está sabendo da remarcação do júri e recebeu a notícia com alegria. Além disso, eles esperam que as tentativas da defesa do réu de constranger Kennia Yanka, filha da vítima, como aconteceu no dia 15, sejam firmemente e peremptoriamente coibidas pelo magistrado condutor dos trabalhos. Que essa tática espúria não seja permitida no dia do julgamento e que o único responsável pela morte de João Leão seja julgado no dia 19 de janeiro”, afirma Emanuel Rodrigues, advogado que representa a família da vítima.
Defesa do homem que matou o ex-sogro na farmácia quer que filha da vítima seja obrigada a depor
O júri do dia 15 de outubro foi marcado pelo tom que os advogados de defesa de Felipe Gabriel Jardim usaram para interrogar Kennia Yanka, que, além de filha de João é também ex-namorada do réu. Emanuel considera que as perguntas tinham o único objetivo de constrangê-la e deveriam ter sido impedidas pelo juiz. Perguntaram, por exemplo, se ela saberia dizer quais bens herdaria com o falecimento do paí; se usava drogas; e se havia conhecido Felipe em um motel.
“Se não fosse a forma como os trabalhos foram conduzidos, o júri jamais teria tido o fim que teve no dia 15 de outubro, com uma jurada passando mal. O que a família do João quer não é favorecimento por parte de ninguém, é isenção na condução dos trabalhos”, afirma Emanuel. Cabe à Justiça agora realizar o sorteio que definirá o novo corpo de jurados do júri de Felipe Gabriel, em data a ser definida.
Kennia Yanka afirmou ao Mais Goiás que recebeu com alívio a notícia da remarcação do júri: “eu me sinto aliviada por já ter uma data, porque achei que a gente ia ficar angustiada esperando que ele marcasse uma data por um tempo, e depois ainda esperar para que a data chegasse. Mas acabou sendo rápido e agora é aguardar esses três meses para que chegue o dia”.
O julgamento de Felipe
O trâmite processual que vai do fim do inquérito policial até a primeira tentativa de se julgar Felipe Gabriel durou três anos e quatro meses. A maior parte desse tempo decorrido foi gasta com discussões sobre o quadro de saúde mental do réu.
O incidente de sanidade foi aberto pelo juiz Antônio Fernandes de Oliveira a pedido da defesa do autor do crime, e logo depois de recepcionada a denúncia do Ministério Público. O laudo da junta médica do Tribunal de Justiça concluiu que Felipe tem “sintomas sugestivos de transtorno hipercinético possivelmente associado a transtorno mental devido à disfunção cerebral”. Destacou ainda que ele tem “propensão à desorganização psíquica, tanto na sensopercepção, quanto no juízo de responsabilidade, o que aponta para maior probabilidade de episódios depressivos com sintomas psicóticos”.
Entretanto, o laudo complementar feito por psiquiatras constatou que a patologia não tirava dele a consciência sobre o que ele estava fazendo. “Felipe Gabriel Jardim Gonçalves é portador de perturbação de saúde mental. Porém, quanto ao crime de que é acusado, a sua capacidade de entendimento era plena, assim como sua capacidade de determinar-se segundo o seu entendimento. Não há nexo de causalidade do tal ato criminoso e de sua condição mental à época do crime em tela”, diz o laudo.
“Felipe Gabriel Jardim Gonçalves é portador de perturbação de saúde mental. Porém, quanto ao crime de que é acusado, a sua capacidade de entendimento era plena, assim como sua capacidade de determinar-se segundo o seu entendimento. Não há nexo de causalidade do tal ato criminoso e de sua condição mental à época do crime em tela”, diz o laudo.
Superada a discussão sobre a eventual inimputabilidade penal de Felipe e os recursos aos quais a defesa tinha direito de interpor, o tribunal do júri foi agendado para o dia 15 de outubro de 2025. Kennia Yanka, ex-namorada de Felipe e uma das filhas de João do Rosário Leão, era duramente inquirida pela defesa do réu no momento em que uma das juradas (uma mulher de no máximo 30 anos) passou mal e precisou ser levada pelos bombeiros para o hospital.
