
O brasileiro Ramon Dino entrou para a história ao conquistar, no fim de semana, o título da Classic Physique no Mr. Olympia 2025, superando o alemão Mike Sommerfeld. É a primeira vez que o Brasil vence a categoria mais concorrida do fisiculturismo. O prêmio foi de US$ 100 mil (cerca de R$ 550 mil).
A celebração, porém, vem com uma conta pesada. Segundo o advogado e estrategista tributário Alexandre Silva (Rebechi & Silva Advogados), por se tratar de rendimento recebido no exterior por residente no Brasil, o valor deve ser declarado aqui e tributado via carnê-leão, com alíquota que pode chegar a 27,5%.
Além disso, nos Estados Unidos a retenção sobre prêmios pagos a estrangeiros tende a ser de 30% na fonte. Considerando essa hipótese, o especialista estima o seguinte cenário:
US$ 100 mil (prêmio bruto)
US$ 30 mil retidos nos EUA (30%)
Sobre os US$ 70 mil restantes, incidiria a alíquota máxima de 27,5% no Brasil (US$ 19,25 mil)
Líquido aproximado: US$ 42,5 mil (cerca de R$ 234 mil)
“Anos de preparação para ver mais da metade do prêmio ser engolida pelo Leão”, resume Silva.
Compensação pode alterar o valor final
Na prática, o impacto efetivo pode variar conforme a possibilidade de compensar no Brasil o imposto pago no exterior, o que depende das regras de crédito tributário aplicáveis ao caso concreto e da documentação exigida pela Receita Federal. Sem tratado amplo Brasil-EUA, a compensação costuma ser limitada e requer comprovação formal do recolhimento fora do país.
Enquanto define o calendário de compromissos após o título, Ramon Dino volta ao país com a consagração esportiva — e com uma agenda tributária que, em cenários como o descrito por especialistas, pode consumir quase 57,5% do prêmio bruto.
