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Pesquisa detecta substância tóxica em peixes capturados em córrego de Goiás
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 16/10/2025 13:58
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Peixes capturados em diferentes pontos da Bacia do Rio Paranaíba apresentaram contaminação por substância tóxica. A análise foi feita durante estudo realizado com o objetivo de aferir o nível de contaminação das águas do Córrego Sussuapara, na região de Bela Vista de Goiás. A constatação partiu do Projeto AquaCerrado, composto por pesquisadores que atuam para mitigação de impactos ambientais. Agora, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semad) avalia a contratação de um estudo mais amplo para verificar o resultado apontado e indicar soluções.

 

 

A substância química em questão é a acrilamida, que apesar de ser encontrada em alimentos cozidos em altas temperaturas, pode, segundo publicação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), causar câncer em animais. Em humanos, médicos associam o consumo a mutações e danos ao DNA, os quais podem colaborar para surgimento de câncer. A acrilamida, ainda não compõe a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (Linach).

 

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O material é usado na usada na produção de poliacrilamida, a qual é empregada no tratamento de água potável e águas de reuso para remover partículas e outras impurezas. A acrilamida também utilizada na produção de colas, papel, cosméticos e ainda em construção, nas fundações de represas e túneis.

 

 

Em um dos animais analisados na Bacia do Rio Paranaíba, foco principal da pesquisa, a incidência da substância foi de 4,22 miligramas por litro (ml/L), o que representa um valor muito acima dos parâmetros toleráveis e previstos pelo Ministério da Saúde. No cruzamento de dados, isso equivale, segundo os técnicos envolvidos nos estudos, a um parâmetro 8,4 mil vezes maior que o regular.

 

Ainda que a acrilamida tenha sido encontrada nos peixes alvos da pesquisa, na água ela não foi detectada em níveis significativos. A hipótese é que a acrilamida esteja acumulada de forma crônica no organismo dos peixes, possivelmente por meio da exposição repetida à substância. As análises do AquaCerrado, responsável pelo estudo, mostram que essa substância foi detectada em sete diferentes regiões do Córrego Sussuapara, próximas à estação de tratamento de esgoto (ETE) de Bela Vista de Goiás.

 

 

Registro das águas do Córrego Sussuapara, na região de Bela Vista de Goiás / Foto: Divulgação/Semad

O Projeto AquaCerrado é resultado de uma colaboração entre a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal de Jataí (UFJ) e outras cinco instituições de ensino e pesquisa.

 

 

Poluição em cursos d’água da região

A ETE da Saneago em Bela Vista de Goiás é alvo de denúncias por poluição na região. Após inspeção da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semad) no dia 15 de setembro, a empresa terminou multada em R$ 2,7 milhões pela pasta. A multa foi aplicada após a confirmação de altas concentrações de poluentes nas águas próximas à estação, em Bela vista.

 

O uso de acrilamida, no entanto, não foi analisado nessa inspeção. Segundo a Semad, o laboratório contratado não tinha capacidade de fornecer esse estudo. A contratação de um novo instituto credenciado para essa análise já é alvo de discussão entre os técnicos da pasta.

 

 

A Saneago, por sua vez, descarta utilizar a substância. Em resposta ao G1 Goiás, a empresa declarou que o tratamento de esgoto em Bela Vista de Goiás é feito por lagoas de estabilização, com processos naturais de microrganismos, algas e luz solar. Ainda acrescentou que o parâmetro acrilamida não é normativo para análise de efluentes e que os resultados encontrados também apareceram em pontos antes da estação, indicando possíveis fontes de poluição difusa.

 

O que diz a Semad

A pasta expediu uma nota onde comenta a situação da ETE da Saneago em Bela Vista de Goiás e das irregularidades constatadas no lançamento de efluentes no córrego Sussuapara. A secretaria esclarece, dentre outros pontos, que os resultados dos estudos anteriormente realizados indicaram um aumento considerável, acima dos valores limites, nos níveis de E. coli e matéria orgânica (DBO) entre os pontos antes e após o lançamento da ETE.

 

“Também foram identificados níveis acima do permitido para fósforo, tanto antes como após o ponto de lançamento. Os níveis de sólidos totais dissolvidos antes do ponto de lançamento foram maiores do valor máximo permitido. Esses resultados indicam a existência de outras fontes de contaminação do Ribeirão Suçuapara, além da ETE”, considera.

 

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Em outro trecho, a pasta diz que “no momento da vistoria, a Semad não evidenciou lançamento direto de esgoto sem tratamento no corpo hídrico. Contudo, os fiscais constataram que estava havendo lançamento do efluente tratado na ETE em desconformidade com o que preconizam as resoluções Conama”. Sendo assim, a Saneago foi multada em R$ 2.7 milhões. “A Semad continuará a monitorar a qualidade da água no Ribeirão Suçuapara em novas ações”, pontua.

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