
As mudanças feitas pelo governo na bancada governista da CPMI do INSS não se limitam a uma reação às derrotas recentes em votações no Congresso. Nos bastidores, o movimento reflete também desgaste interno e descontentamento de parlamentares escalados para defender o Planalto em um tema considerado politicamente delicado às vésperas das eleições.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) já havia sinalizado desconforto em assumir o papel de “advogado” do governo no colegiado, diante da repercussão negativa das denúncias sobre fraudes na Previdência. Outros dois integrantes da base também estudam deixar a comissão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou as substituições para dar um recado a aliados que se ausentaram em momentos decisivos. Entre eles, o deputado Rafael Brito (MDB-AL), que faltou à votação em que a oposição conquistou a presidência e a relatoria da CPMI, em derrota considerada histórica para o Planalto. Lula não esqueceu: chegou a gravar vídeo em apoio à candidatura de Brito à prefeitura de Maceió em 2020, mas viu o prefeito JHC ser reeleito com 83,25% dos votos.
Outro alvo de retaliação foi o senador Cid Gomes (PSB-CE), que também não compareceu à sessão que definiu a direção da comissão. Até o ano passado, Cid era filiado ao PDT, partido do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, demitido após a revelação do esquema de fraudes no INSS.
As trocas indicam não apenas uma tentativa de recompor forças na CPMI, mas também uma mensagem de Lula a integrantes da base: ausência em votações-chave pode custar caro.
