
A Polícia Federal (PF) identificou um documento no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em que ele esboçava uma carta destinada ao presidente da Argentina, Javier Milei, solicitando asilo político. O material, com 33 páginas e última alteração registrada em 12 de fevereiro deste ano, foi citado em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) como indício de que o ex-chefe do Executivo preparava uma estratégia para deixar o país.
Segundo a PF, a versão preliminar do texto foi salva dois dias antes da deflagração da operação Tempus Veritatis, que investiga suposta organização criminosa envolvida em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. No documento, Bolsonaro afirma ser alvo de perseguição política no Brasil.
A investigação também recuperou registros de que, em 5 de dezembro de 2023, o ex-presidente comunicou ao ministro Alexandre de Moraes que viajaria à Argentina para acompanhar a posse de Milei, ocorrida entre 7 e 11 de dezembro. Para os investigadores, os elementos reforçam a hipótese de um plano de evasão.
Na decisão desta quarta-feira (20), Moraes afirmou que Bolsonaro desrespeitou medidas cautelares impostas pelo STF e voltou a adotar “condutas ilícitas”. O ministro determinou que a defesa do ex-presidente se manifeste em até 48 horas sobre os supostos descumprimentos e o risco de fuga apontado pela PF. Após essa etapa, os autos seguirão para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá o mesmo prazo para se posicionar.
