
(O Globo) As ações de bancos brasileiros se desvalorizam em bloco no pregão desta terça-feira, dando a tônica das negociações da Bolsa. Para analistas, o receio dos investidores é sobre a decisão do ministro Flávio Dino sobre a atuação da Lei Magnitsky no Brasil.
Pouco depois das 14h, os papéis do Itaú (ITUB4) caíam 2,91%; o Bradesco (BBDC4) cedia 3,18%; as Units do BTG Pactual (BPAC11) desvalorizavam 3,51%, enquanto os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) caíam 4,37%. Os papéis da B3 (B3SA3) também operavam em recuo de 4,1%.
Ontem, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que leis e ordens administrativas ou judiciais de outros países não produzem efeitos no Brasil de forma automática. O despacho foi feito após os Estados Unidos sancionarem o ministro Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky, que impõe restrições econômicas, como o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo americano.
Na interpretação do mercado, a lei poderia afetar também bancos brasileiros que tenham operações nos EUA, como captações ou ações listadas em Bolsa.
Para Rafael Passos, analista da Ajax Investimentos, a escalada das tensões institucionais sobre o tema pressionam os ativos de forma geral nesta terça, em particular os bancos:
— Desde que tivemos a (institucionalização da) Lei Magnitsky, poderíamos ter esse contágio em prêmio de risco institucional em estatais e bancos. Hoje o que a gente vê nessa pressão mais baixa, principalmente desses bancos, é reflexo dessa escalada aqui entre STF e Estados Unidos. E, de forma generalizada, vemos esse mau humor quando olhamos a curva de juros e câmbio — afirma.
Em relatório, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirmou que o despacho de Dino é inoportuno diante da situação delicada entre o Brasil e os EUA:
“Esse jogo de retórica é extremamente prejudicial, à medida que traz implicitamente uma elevação do risco-país, mitigando investimentos instantaneamente e com efeito prolongado”, diz o economista em trecho da análise.
No mesmo horário, o dólar subia 0,88%, valendo R$ 5,48, enquanto a curva de juros, que precifica a perspectiva de como estarão os juros no futuro, apresentava alta para os contratos entre o início de 2026 e 2031.
Como informou a colunista Malu Gaspar nesta terça-feira, a situação tem causado preocupação não só nos investidores, mas também na cúpula dos bancos brasileiros, já que a decisão pode causar impasse na atuação das instituições financeiras.
Também às 14h, o Ibovespa tocava os 2% de desvalorização, aos 134.601 pontos.
