A possível nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para um ministério no governo Lula enfrenta forte resistência dentro da própria esquerda. Tanto no PSOL quanto no PT, alas expressam oposição à sua entrada na gestão petista, especialmente na Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela articulação com movimentos sociais.
Lula manifestou interesse em ter Boulos no governo durante uma conversa com o deputado há cerca de dez dias. O petista vê no ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) um nome estratégico para fortalecer o diálogo com os movimentos populares. No entanto, essa ideia não é unânime nem no PSOL nem no PT.
No PSOL, a ala majoritária, à qual Boulos pertence, defende uma aproximação com o governo. Já a ala minoritária resiste à ideia, argumentando que o partido não deve se associar integralmente a uma gestão que inclui o Centrão. “O Boulos tem uma política de aproximação bem forte com o PT, então não é algo impossível de acontecer. Mas eu não acho que figuras do PSOL devem estar dentro do governo PT, ainda que tenhamos batalhado para eleger Lula contra o bolsonarismo”, afirmou um integrante do partido.
No PT, a resistência vem do desejo de manter o controle da chamada “cozinha do Planalto”, sem abrir espaço para um nome de fora da legenda. O partido avalia que um ministério estratégico como a Secretaria-Geral da Presidência deve continuar sob comando petista.
