O mercado financeiro revisou para cima a projeção da inflação e reduziu a expectativa de crescimento da economia para os próximos anos, de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central.
A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu para 5,58% em 2025, ante os 5,51% projetados na semana passada. Com isso, a projeção já está 2,58 pontos percentuais acima do centro da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional e 1,08 ponto acima do teto da meta. Para 2026, a expectativa avançou de 4,28% para 4,30%, enquanto para 2027 se manteve estável em 3,90%.
Essa é a 17ª semana consecutiva de revisão para cima da inflação, o que reforça as preocupações sobre a pressão inflacionária e seus impactos na política monetária.
No final de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Foi a primeira decisão sob o comando do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que indicou que o aperto monetário deve continuar nos próximos meses. O Copom já prevê um novo aumento de 1 ponto percentual na reunião de março e deixou aberta a possibilidade de novas altas.
O mercado segue projetando que a Selic encerrará 2025 em 15% e 2026 em 12,50%. Para 2027, houve uma revisão para cima na estimativa da taxa de juros, que passou de 10,38% para 10,50%.
A expectativa de crescimento da economia para os próximos anos também foi revisada para baixo. O mercado agora prevê que o PIB avance 2,03% em 2025, uma redução de 0,03 ponto percentual em relação à semana anterior. Para 2026, a estimativa caiu de 1,72% para 1,70%.
Já as previsões para o câmbio permaneceram estáveis, com o dólar projetado em R$ 6,00 tanto para 2025 quanto para 2026.
Além das pressões inflacionárias e do menor crescimento econômico, um estudo realizado por consultores da Câmara dos Deputados apontou risco de deterioração fiscal do governo nos próximos anos. Segundo o levantamento, sem medidas para reduzir os gastos obrigatórios, a máquina pública pode enfrentar dificuldades para manter sua operação a partir de 2027.