Exonerado na semana passada em meio à crise do leilão para importação de arroz, Neri Geller, ex-secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, criticou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “Eu não devo, por isso fiquei chateado com o ministro da Agricultura quando da forma como saí do governo”, afirmou. A informação foi divulgada pela revista Veja.
Geller reconheceu que o governo tem o direito de afastá-lo para que ele esclareça as questões envolvendo o leilão, que foi cancelado na semana passada devido a suspeitas de fraude e favorecimento. Empresas vencedoras sem expertise na área e uma corretora pertencente a um ex-assessor de Geller estavam entre as irregularidades apontadas.
Participando como convidado da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, Geller negou qualquer irregularidade no processo. Ele esclareceu que Robson Luiz de Almeida França, empresário dono de duas empresas envolvidas no leilão, não era seu assessor desde 2020 e já havia participado de certames antes de sua gestão na secretaria.
Geller admitiu que houve um “equívoco político”. Distanciando-se da decisão, ele afirmou que a responsabilidade deve ser creditada à Casa Civil. Segundo ele, a proposta original era suspender a cobrança da Taxa Externa Comum para estimular a entrada de arroz e promover um leilão para 100 mil toneladas, mas a decisão final foi a compra de 300 mil toneladas.
Ao relatar seu período à frente da secretaria, Geller disse que, em janeiro, foi chamado para discutir o preço do arroz, que estava alto e contribuindo para a inflação. Ele descreveu a situação crítica do Rio Grande do Sul após as enchentes, que afetaram a produção e a infraestrutura de escoamento do arroz. Além disso, mencionou um “ataque especulativo” de outros países, elevando ainda mais os preços.
Apesar dos equívocos, Geller defendeu a decisão do governo de importar arroz, ressaltando a preocupação legítima em controlar a inflação e garantir alimentos a preços acessíveis. Ele afirmou que, em todas as reuniões, garantiu que não haveria desabastecimento e sugeriu aproveitar a “janela de oportunidade” para impulsionar a produção nacional. “A inflação era um calo e era puxada principalmente por arroz”, concluiu.