Segundo Raquel Landim, colunista do Estadão, a demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras não foi uma decisão repentina, mas o resultado de uma “fervura lenta” orquestrada por figuras de alto escalão do governo. Nos bastidores de Brasília, era conhecido que os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, estavam ativamente envolvidos em esforços para derrubar Prates do cargo.
“A demissão de Prates não tem nada a ver com a distribuição dos dividendos extraordinários pela estatal”, escreve Landim. O verdadeiro motivo, conforme revelado, envolve interesses bilionários relacionados a investimentos em gasodutos e construção de navios. A narrativa oficial, que sugere um pedido de encerramento antecipado do mandato por parte de Prates, diverge das ações nos bastidores, onde Silveira e Costa nunca pararam de minar sua posição.
O agora ex-presidente da Petrobras foi chamado ao Planalto por Lula, onde recebeu a notícia de sua demissão. Embora Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tenha temporariamente prolongado sua permanência ao garantir uma cadeira no conselho de administração e a aprovação dos dividendos, as pressões foram demasiadas.
Fontes governamentais indicam que Lula busca um perfil mais “nacionalista” para o cargo, alinhado com as visões de investimento dos governos petistas anteriores. Por isso, a escolha de Magda Chambriand, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff, para liderar a Petrobras. Magda é conhecida por suas fortes conexões com a equipe que descobriu o pré-sal e por sua posição crítica em relação à Operação Lava Jato, que ela e outros na empresa consideram uma tentativa de sabotagem da CIA.
Quando seu nome foi anunciado, as ações da Petrobras nos Estados Unidos sofreram uma queda brusca, indicando preocupações dos investidores com mudanças drásticas na gestão. Prates, apesar de algumas mudanças durante sua administração, manteve a empresa relativamente estável em comparação com as expectativas de mudanças radicais.
Essa movimentação de Lula e seu governo revela uma abordagem menos ortodoxa na gestão da economia, que foi minimizada durante a campanha eleitoral para ganhar o apoio dos eleitores de centro. Contudo, conforme observado por Landim, “sobre a Petrobras, [Lula] sempre foi transparente: para o PT, a estatal é uma ferramenta de desenvolvimento e de poder.”