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Segurar pum faz mal à saúde? Especialistas explicam o que acontece com o corpo
Ciência e Tecnologia
Publicado em 23/01/2024

Ao pesquisar sobre flatulências na internet, a primeira questão que aparece é: “como segurar o pum na frente dos outros”. Apesar da vergonha e do incômodo, além de não ter um cheiro agradável, médicos recomendam que as pessoas não segurem os gases.

 

Rosario Ligresti, chefe de gastroenterologia do Hackensack University Medical Center, em Nova Jersey, afirma que “reter gases pode ser desconfortável devido à distensão intestinal, causando inchaço ou náusea. Deixar fluir é a recomendação”.

 

Segundo os especialistas, as mulheres são as mais afetadas por problemas intestinais, em parte porque sentem mais pressão para “segurá-los”. Um relatório do Reino Unido de 2019 descobriu que elas representavam cerca de 60% de todas as internações hospitalares relacionadas à constipação.

 

 

Elas também têm 700% mais probabilidade do que os homens de ter uma doença intestinal “debilitante” chamada colite microscópica, que causa inflamação do cólon, levando à diarreia persistente.

 

Uma mulher da Irlanda, por exemplo, teve que remover o apêndice depois de ficar com vergonha de soltar gases na frente do namorado por dois anos. Deixar de fazer suas necessidades pode, na melhor das hipóteses, causar inchaço e dor e, na pior das hipóteses, rasgar o tecido do cólon, dizem os médicos.

 

Um gastroenterologista alertou que, em casos raros, parte do intestino pode estourar – levando a complicações potencialmente fatais.

 

Além disso, segurar os gases, pode desenvolver uma doença pouco conhecida chamada parcoprese ou “síndrome do intestino tímido”, que tem como sintomas: dor abdominal intensa, distensão abdominal, prisão de ventre e diarreia.

 

Os gases se acumulam em nosso trato digestivo quando engolimos ar ou comemos fibras – que interagem com bactérias em nosso intestino para produzir gases. Quando se acumula, deve ser liberado através de arrotos ou puns.

 

“Quando você segura um pum, você contrai os músculos do esfíncter anal, ou seja, os mesmos músculos que ajudam você a controlar quando é hora de fazer cocô”, explica Elena Ivanina, diretora de neurogastroenterologia e motilidade do Hospital Lenox Hill.

 

Como o gás não tem para onde ir, ele permanece preso no trato gastrointestinal, causando alguns incômodos, como: dores e inchaços. “Seu intestino é um tubo e não pode conter muita coisa. Quanto mais se expande com o gás, mais distendido e desconfortável a pessoa se sente”, disse Ivanina.

 

Em casos mais graves, a retenção de gás pode causar problemas em pessoas com outros tipos de doença. Se o paciente tem uma obstrução no cólon, por exemplo, como uma hérnia ou alguns tipos de câncer, a retenção de gases pode causar lesões graves.

 

Em teoria, reter gases com muita frequência pode causar problemas no futuro, pois pode levar ao desenvolvimento de diverticulose, condição em que pequenas bolsas se desenvolvem no revestimento intestinal e ficam inflamadas.

 

Os especialistas teorizam que outra razão pela qual as mulheres sofrem mais sintomas intestinais é devido aos seus ciclos mensais. Mulheres com Síndrome do Intestino solto muitas vezes veem seus sintomas piorarem na época da menstruação, graças às flutuações hormonais, principalmente estrogênio e progesterona, que são reguladores cruciais das funções corporais normais, como a digestão.

 

“Tentar segurar o pum leva a um acúmulo de pressão e grande desconforto. Um acúmulo de gases intestinais pode desencadear distensão abdominal, com alguns sendo reabsorvidos na circulação e exalados na respiração. Segurar por muito tempo significa que o excesso de gases intestinais acabará escapando de forma incontrolável”, diz Clare Collins, professora de nutrição e dietética da Universidade de Newcastle.

 

Já no caso dos arrotos, a retenção pode causar dores que se confundem com as de problemas cardíacos.

 

 

Além disso, dependendo da força dos gases dentro do abdômen há risco de aumento da pressão arterial nas veias no entorno do ânus, provocando a formação de hemorroidas.

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