Maguito Vilela (MDB) foi eleito o prefeito de Goiânia, neste domingo (29), com 52,52% dos votos. Em 2016, ao fim do segundo mandato como prefeito de Aparecida de Goiânia, ele disse que não disputaria mais eleições.
“Ele tinha acabado de deixar a prefeitura de Aparecida com o sentimento de dever cumprido. E cheio de orgulho com o sucessor (Gustavo Mendanha). Só que as coisas foram mudando a partir do momento que Iris afirmou que não seria mais candidato”, explicou Flávia Teles, esposa de Maguito desde 2016.
Segundo ela, desde a aposentadoria de Iris Rezende (MDB), Maguito era procurado pelas pessoas, que diziam não haver outro nome. Além disso, essas pessoas afirmavam que ele ainda tinha que dar a contribuição dele como político.
“Somos parceiros em tudo”, relata e continua: “Eu não posso ser egoísta, querer que ele deixe de lado um dom, um propósito que Deus deu para ele de excelente administrador, ainda com o olhar tão voltado para os mais carentes. Rezei muito. Coloquei nas mãos de Deus e pedi direcionamento. E as coisas foram acontecendo. Sentimos as bençãos de Deus nesta campanha. Abracei a campanha e irei ajudá-lo a fazer de Goiânia uma das melhores cidades pra se viver.”
De acordo com ela, Maguito nunca foi um político vaidoso, que só quer o poder pelo poder. Ela afirmou que o emedebista gosta da política pra ajudar, para servir as pessoas que mais precisam do auxílio do poder público. “Ele se sente realizado em fazer o bem para as pessoas.”
Irista
O candidato, amigo do gestor Iris Rezende (MDB) há 40 anos, não teve o apoio declarado do cacique emedebista em campanha, mas contou com boa parte do secretariado dele, inclusive tendo Agenor Mariano (ex-titular da Administração), como coordenador-geral.
Agenor, inclusive, ressaltou essa questão, em entrevista recente ao portal: “O Maguito convive com Iris há 40 anos. Conhece o prefeito melhor que ninguém. Ele ficou muito satisfeito quando viu quase 100% do secretariado do Iris envolvido. Essa foi a melhor resposta que o Iris poderia ter dado.” (https://www.emaisgoias.com.br/maguito-vai-inaugurar-obras-em-goiania-ao-lado-de-iris-diz-emedebista/)
Ainda de acordo com ele, se Iris não quisesse que Maguito fosse eleito, ele mesmo não seria coordenador da campanha do ex-governador. “Estive nos últimos 16 anos administrativos do Iris com ele. Não deixaria a secretaria se não fosse o desejo dele a vitória de Maguito.” Para ele, são esses “sinais” que deixam o ex-governador feliz.
Maguito inclui Iris em propaganda, mas prefeito se mantém equidistante
Maguito e Iris (Foto: Reprodução)
Gustavo Mendanha
Os laços de Maguito se estendem, principalmente, em Aparecida, onde foi prefeito por dois mandatos. Na cidade, inclusive, ele fez sucessor: Gustavo Mendanha (MDB), filho de seu amigo Leo Mendanha – ex-deputado estadual – e vereador durante as gestões Vilela. Mendanha se reelegeu, neste pleito, em primeiro turno com mais de 95% dos votos.
“Se estou hoje prefeito de Aparecida eu devo isso a ele que endossou meu nome para o suceder em 2016. Suceder a Maguito foi um desafio. Ninguém acreditava no meu potencial, nem mesmo minha mãe. Mas eu sabia que era capaz, por meu amor por Aparecida e por tudo o que aprendi com meu pai e principalmente com Maguito Vilela nos oito anos de sua gestão em que atuei como secretário de Esportes e junto a ele na Câmara Municipal de Vereadores, sendo presidente por dois mandatos”, declarou.
Gustavo revela que conheceu o ex-governador ainda jovem, por meio do pai, Leo Mendanha, que sempre foi filiado ao MDB e foi uma das pessoas que levaram Maguito para Aparecida. “Hoje, considero Maguito meu pai político e amigo pessoal. Tenho um relacionamento familiar com ele e gosto de ouvir suas palavras.”
Ainda segundo ele, Goiás inteiro conhece Maguito como gestor, pois ele teve sucesso em todas as suas gestões “e também terá em Goiânia. Agora, o Maguito amigo, é tímido, reservado. Mas adora futebol e coisas da roça”.
Gustavo, inclusive, diz que muitos acreditam que o estilo dele na política é semelhante ao de Maguito, enquanto o de Daniel Vilela – presidente do MDB estadual e seu amigo, a quem considera um “irmão” – segue na linha Leo Mendanha. “Fizemos muito por Aparecida e vamos continuar juntos.” Por fim, ele lembra que, mesmo quando o ex-prefeito de Aparecida disse ter se aposentado, o visitava, como conselheiro, na prefeitura. “Ou eu ia no escritório dele, na Vila Brasília.”
Gustavo Mendanha e Maguito Vilela, na campanha deste ano (Foto: Rodrigo Estrela)
Biografia de Maguito
Nascido como Luiz Alberto Maguito Vilela, em 1949, na cidade de Jataí, foi eleito deputado vereador na cidade natal em 1976, quando ainda era conhecido como o “Maguito” jogador de futebol do Jataiense. O apelido pegou. Em 1982, foi eleito deputado estadual e já era líder do então governador Iris Rezende na Assembleia Legislativa.
Quatro anos depois se tornou deputado federal, participando de forma ativa da elaboração da Constituição Federal em 1988, nossa lei maior. À época, foi vice-líder do MDB na Câmara e, em 1990, se tornou vice-governador de Goiás ao lado de Iris.
Maguito jogou pela Jataiense antes da política (Foto: Reprodução)
Foi então, em 1994, que Maguito conseguiu se sagrar o governador do Estado. Não foi para a reeleição. Em 1998 garantiu uma cadeira no Senado. Em 2002 e 2006, contudo, tentou nova vaga no Palácio das Esmeraldas, sem sucesso. No ano seguinte, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) o tornou vice-presidente e Governo do Banco do Brasil.
O ex-governador foi, ainda, prefeito de Aparecida de Goiânia, por dois mandatos, onde fez o sucessor, Gustavo Mendanha (MDB) – reeleito este ano no primeiro turno com mais de 95% dos votos válidos. Destaca-se, Maguito deixou a administração com mais de 70% de aprovação, segundo a pesquisa Paraná/Record de 2016.
Ex-jogar, mas atualmente advogado, o prefeito eleito é sócio do escritório jurídico Vilela e Associados. Ele também é produtor rural do segmento leiteiro. Pai de quatro filhos, um deles é o presidente estadual do MDB e ex-deputado federal Daniel Vilela. Ele é casado com a empresária Flávia Teles e avô de quatro netos.
Ações como governador
Talvez o ápice da carreira política de Maguito foi o mandato de governador. À época, ele implementou o programa Solidariedade Humana, conhecido como “pão e leite”, que beneficiou cerca de 150 famílias com doação de alimentos e foi implementado por gestões seguintes no Estado (Renda Cidadã) e, inclusive, no País. Segundo aliados, este deu a ele visibilidade internacional, tendo se encontrado com o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton.
Outro destaque dos quatro anos de mandato no governo foi levar a Perdigão para Rio Verde e a Mitsubishi em Catalão. Esta primeira, em 1996, foi instalada com capacidade para abater 280 mil aves e 3.500 suínos por dia, segundo reportagem da Folha, da época. O investimento foi de US$ 250 na construção do novo parque industrial, de acordo com o jornal.
No seguinte, foi a vez da Mitsubishi chegar a Catalão. Também segundo informações da Folha, naquele período, Maguito disse que o “incentivo” era o “financiamento”, vez que a empresa foi trazida pelo programa estadual Fomentar, de renúncia fiscal.
Maguito, como deputado federal constituinte, ao lado de Ulisses Guimarães (Foto: Reprodução)
A Universidade Estadual de Goiás (UEG) teve a gestação no governo de Maguito, apesar desta ter sido implantada de forma definitiva na gestão seguinte. Da mesma forma, o Vapt Vupt – o primeiro foi inaugurado no Buriti Shopping. Ambos iniciaram a criação na gestão Vilela. Além disso, também foi entre 1994 e 1998 a primeira portaria a regulamentar os colégios militares foi no mandato do emedebista.
Mas também houve polêmicas na gestão estadual do emedebista. Em 1997, ele autorizou a venda da usina de Cachoeira Dourada por cerca de US$ 1 bi. Em 2014, o jornal O Popular chegou a classificar a venda como “equívoco histórico irremediável”.
A venda teria inviabilizado financeiramente a Celg e o dinheiro não teria sido bem aplicado. Amigos próximos, contudo, creditam isso ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para evitar sanções.
Destaca-se, também, que Maguito, mesmo sendo vice-governador em 1994, precisou disputar as convenções com o então deputado federal Naphtali Alves, de Morrinhos. À época, foi um evento disputado. Naphali acabou se tornando vice de Vilela.