Em sua declaração de Imposto de Renda do ano de 2011, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) informou à Receita Federal que fez “doações em espécie” no valor de R$ 67 mil para sua esposa, a dentista Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro. Corrigido pela inflação, o montante equivale a R$ 107 mil nos dias de hoje.
Na ocasião, Flávio estava no seu segundo mandato como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O Ministério Público estadual do Rio investiga se o gabinete do filho “01” do presidente Jair Bolsonaro praticou “rachadinha”, como é conhecida a devolução de salários por funcionários.
Informações obtidas pelos promotores, por meio das quebras de sigilo bancário da investigação, mostraram que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, fez um depósito de R$ 25 mil em dinheiro na conta de Fernanda, em agosto daquele ano, conforme informou O GLOBO. Para os investigadores, a cifra foi usada na entrada da compra de um apartamento do casal. Em depoimento, Flávio afirmou desconhecer esse depósito e disse que Queiroz nunca depositou dinheiro na conta de sua esposa.
O GLOBO revelou que, no ano anterior, Flávio também realizou “doações em espécie” de R$ 733 mil (cerca de R$ 1,2 milhão corrigidos para os dias de hoje), para sua mãe, Rogéria Nantes Bolsonaro, além de ter recebido R$ 250 mil (R$ 440 mil em valores atuais) de empréstimos de assessores que trabalhavam com o pai, Jair Bolsonaro, em seu gabinete na Câmara dos Deputados, entre 2008 e 2010. Essas informações também foram declaradas pelo senador à Receita Federal.
Na semana passada, o senador disse, por meio da defesa, que estava impedido de comentar sobre sua vida financeira por causa do sigilo da investigação e negou irregularidades. Procurado novamente pela coluna, ele não respondeu.
Do Agência O Globo | Em: 28/09/2020 às 09:14:00