Em entrevista ao Mais Goiás, o deputado estadual Humberto Teófilo (PSL) respondeu o artigo em que o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusa o parlamentar de “causar prejuízo de milhões de reais a Anápolis e Goiás” ao transformar “uma negociação comercial cotidiana” entre a empresa do filho dele, Matheus Henrique Aprígio Ramos, e o governo do Estado em denúncia. Teófilo afirma que o seu objetivo é, na verdade, desfazer transações ilícitas.
“Eu fui o autor da denúncia. Eu é que revelei o esquema que estava sendo perpetrado na Codego que envolvia uma suposta construção de um shopping no Daia [Distrito Agroindustrial] em Anápolis. Descobrimos assim o envolvimento de uma empresa ligada a Carlinhos Cachoeira e eu sempre destaquei que o envolvimento da empresa era uma das situações irregulares. Nós percebemos que o negócio foi realizado a preço da banana. Vendida a R$ 25 mil (cada), sendo que valia (5) milhões”.
A denúncia de Teófilo resultou na exoneração de Marcos Cabral da presidência da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). O órgão, que faz gestão de terrenos do Daia, foi responsável pela negociação e venda de duas áreas de 22 mil metros quadrados por R$ 53.424,62, à ETS Importação e Exportação, contrato celebrado em abril deste ano. A Codego teria ignorado parecer da gestão anterior da própria companhia e da Controladoria Geral do Estado que indica que a comercialização deveria ser no valor de R$ 5 milhões.
O deputado questiona a origem do dinheiro envolvido na negociação, de modo a sugerir que Matheus seja, na verdade, laranja do pai.
Polícia
Teófilo diz que foi à Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC) para apresentar denúncias relativas à conduta de integrantes da Codego e de pessoas ligadas a Carlinhos Cachoeira.
“Fui atacado dessa forma porque eu descobri e desmanchei esse negócio ilícito, e posso desmanchar outros que estão por vir e relacionado também ao governo. Hoje fui à DEIC, onde foi instaurado inquérito policial para apurar a conduta de integrantes da Codego, das próprias pessoas ligadas ao Carlinhos Cachoeira”, disse.
“Quando há iminência de prática de crimes, temos que barrá-lo. Eu não prejudiquei investimentos; eu barrei lavagem de dinheiro; eu não prejudiquei geração de empregos, acobertada pela prática de crimes. Nós não podemos deixar isso acontecer. O que todos querem é promover a segurança pública da sociedade com dinheiro limpo. Não podemos investir com dinheiro sujo. Eu já rebato a alegação nesse sentido”, argumenta.
Pai de Teófilo
No artigo, Cachoeira também faz críticas ao pai de Teófilo, o ex-vereador por Goiânia Amarildo Pereira. Amarildo já foi condenado em diversos processos por corrupção. O Ministério Público de Goiás pede na Justiça ressarcimento de dano aos cofres municipais em valor superior a R$ 1,8 milhão. O pai do deputado é acusado pelo MP de ter causado prejuízo ao Erário pelo recebimento ilegal de gratificação referente ao exercício do mandato de vereador em Goiânia.
Teófilo diz que o pai dele é quem deve responder e desafia Cachoeira a apontar situações relativas a ele – e não a seus parentes. O deputado diz ainda que pode ser “aventureiro na política, mas é honesto”. “Não adianta atacar minha família para justificar o injustificável”, diz.
“Essas críticas são relativas ao meu pai. Primeiro que ele não tem nada a ver com a situação. Então, na verdade, ele procura atacar a minha família para justificar o injustificável. Eu não respondo por nenhum ente familiar meu. Meu pai é que deve responder essas perguntas. Eu vou continuar, não adianta atacar minha família, eu quero que o Cachoeira fale de mim. Eu tenho o que falar dele; que ele é contraventor, que ele responde vários processos, que é corrupto. Quero que ele fale de mim. Ele fala que sou aventureiro na político, eu sou aventureiro, mas honesto. Procuro fazer o bem, ao contrário de alguns políticos que ele sempre teve ligação”, afirma.
Da Redação
Do Mais Goiás | Em: 10/06/2020 às 13:18:55