A decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, de expedir 12 mandados de busca e apreensão na Operação Placebo se baseou em dois fatos conhecidos durante as investigações. Durante a Operação Favorito, foi encontrado um contrato entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, e a empresa DPAD serviços diagnósticos limitada, que possui como sócio Alessandro de Araújo Duarte, apontado como operador do empresário Mário Peixoto. Na decisão, também são citados depósitos feitos em nome da mulher do governador.
O ministro Benedito Gonçalves citou ainda em sua decisão um almoço entre Mário Peixoto e o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, revelado pelo jornal O Globo na semana passada.
Na decisão do ministro, consta que o MPF “imputa indícios de participação ativa do governador do estado quanto ao conhecimento e ao comando das contratações realizadas com as empresas hora (sic) investigadas, mesmo sem ter assinado diretamente os documentos”.
Sobre o contrato entre a primeira-dama e a empresa DPAD serviços diagnósticos limitada, o MPF informou ao STJ que “novo compartilhamento de provas proveniente da Justiça Federal do Rio de Janeiro, demonstra vínculo bastante estreito e suspeito entre a primeira dama do estado e as empresas de interesse de M.P. (Mário Peixoto), em especial o contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios entre seu escritório de advocacia e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos LTDA, bem como comprovantes de transferência de recursos entre as duas empresas”.
O MPF relatou ainda mensagens encontradas pela PF em que se menciona pagamentos a Helena Witzel. Segundo os investigadores, foram encontrados no email de Alessandro Duarte mensagens do dia 14 de abril de 2020 com “documentos relacionados a pagamentos para a esposa do governador.” Witzel negou participação em esquema de desvios de recursos na Saúde e cita ‘interferência’ de Bolsonaro.
De acordo com o site da Receita Federal, os sócios controladores da DPAD são Alessandro de Araújo Duarte e Juan Elias Neves de Paula. Alessandro é um dos sócios da Rio de Janeiro Serviços e Comércio Ltda, outra empresa que, segundo as investigações da Operação Favorito, tem vínculos com Peixoto.
A Rio de Janeiro Serviços e Comércio mantém contrato com a Fundação Estadual de Saúde no valor de R$ 27 milhões para fornecer funcionários terceirizados em unidades hospitalares. Por sua vez, e-mails encontrados na caixa de mensagens de Juan Elias mostram que ele teve acesso a planilhas que detalhavam os custos de montagem dos hospitais de campanha pelo Iabas.
Com nome fantasia Rioslab, a empresa tem sede em Duque de Caxias e foi aberta em 2013. O jornal O Globo ainda não conseguiu falar com representantes da empresa. Segundo o site da receita, suas principais atividades são: comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, cirúrgico, hospitalar e de laboratórios; consultoria em tecnologia da informação; aluguel de material médico; e aluguel de equipamentos científicos, médicos e hospitalares, sem operador. A empresa também conta com serviços de laboratórios de anatomia patológica e citológica.
Do Agência O Globo | Em: 26/05/2020 às 14:08:28