Offline
https://public-rf-upload.minhawebradio.net/113401/slider/9f22fe65968d79b6f45efc1523e4c4aa.png
https://public-rf-upload.minhawebradio.net/113401/slider/80a574611830c0240c40e4d3d91929b3.png
Coronavírus: Consenso político será desafio para novo ministro da Saúde
Últimas Notícias
Publicado em 19/04/2020

Nomeado para comandar o combate a uma pandemia de proporções ainda desconhecidas, o oncologista Nelson Teich precisará atuar também na construção de uma maioria política em torno de seu trabalho no Ministério da Saúde. Os atritos com o Palácio do Planalto foram os principais motivos que minaram a gestão de Luiz Henrique Mandetta, e a rapidez da escolha do nome do sucessor pelo presidente Jair Bolsonaro surpreendeu mesmo alguns aliados do governo.

 

Embora pessoas próximas a Bolsonaro reconheçam que a relação com Mandetta estivesse insustentável, a avaliação era que o presidente poderia ter gastado mais tempo antes de decidir. Diante dos apelos de aliados, o presidente cogitou até recuar da nomeação poucas horas antes do anúncio, na quinta-feira. Houve, no entanto, pressão para que a mudança fosse oficializada o quanto antes para evitar o prolongamento da crise política em meio à propagação do novo coronavírus.

 

De acordo com relatos, Bolsonaro recebeu o currículo de Teich no último dia 11. O nome do oncologista chegou a auxiliares do presidente no início do mês, por meio de um grupo de ministros que, desde o começo da crise epidemiológica no país, consolidou-se como suporte político e jurídico às decisões de Bolsonaro.

 

 

Capitaneados pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, os ministros Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), André Mendonça (Advocacia-Geral da União), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) tiveram papel fundamental na escolha do médico. O grupo acabou assumindo, em meio à crise com Mandetta, a dianteira na coordenação das ações do Planalto no combate à Covid-19.

 

O empresário Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa, atuou na linha de frente para que Teich fosse escolhido e nomeado o mais rapidamente possível. Nigri acionou outros aliados do presidente para reforçar a indicação. Também respaldado pelo chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, o médico caiu nas graças de praticamente todos os ministros que participaram do encontro no Planalto, mas não havia conquistado a confiança de um dos principais conselheiros de Bolsonaro na crise: o presidente da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra.

 

Antes de chamar Teich para a reunião em Brasília, Bolsonaro havia pedido aos auxiliares mais próximos indicações de médicos experientes. Barra sugeriu, segundo interlocutores, o nome de um almirante da saúde da Marinha. Mas houve resistência porque seria mais um militar a ocupar um posto na Esplanada dos Ministérios.

 

 

Pressa presidencial

Aliados do presidente dizem que ele estava bastante incomodado com a permanência de Mandetta no governo, principalmente após a entrevista do ministro no domingo passado ao “Fantástico”, que escancarou a quebra de confiança entre os dois.

 

Por isso, embora sinalizasse estar disposto a ouvir mais candidatos, Bolsonaro também queria uma solução rápida. Pessoas próximas dizem que a decisão por nomear um técnico como Teich, que não tem projeção nacional e é pouco conhecido na política, foi bem pensada. Diante do agravamento da crise com Mandetta, ministros passaram a defender que Bolsonaro encontrasse alguém sem envolvimento com as polêmicas em vigor — da cloroquina ao isolamento social.

Agência O Globo

Agência O Globo
Do Agência O Globo | Em: 19/04/2020 às 08:54:23
Comentários
Comentário enviado com sucesso!