
Para o apresentador, declaração de Andrei Rodrigues minimiza a infiltração criminosa no Estado
O apresentador do programa Alive, Claudio Dantas, afirmou nesta terça-feira (18) que a fala do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, minimiza o alcance do crime organizado no país e ignora práticas e estruturas que, segundo ele, revelam infiltração criminosa em instituições do Estado e em setores estratégicos da economia.
“O CRIME ORGANIZADO ESTÁ ESCANCARADO; BASTA OLHAR PELA JANELA”, DISSE.
Reagindo à tentativa de Rodrigues de delimitar o conceito de crime organizado, Dantas afirmou que o fenômeno é muito mais amplo e estrutural do que o diretor-geral sugeriu aos parlamentares.
“O crime organizado tá aí, ó, para todo mundo ver. O resultado dele também. O que que é o crime organizado? É justamente esses grupos que têm hierarquia e organização, presentes na economia, em instituições de Estado. O crime organizado se infiltra”, afirmou.
O apresentador listou ações que, segundo ele, evidenciam a dimensão real dessas organizações:
compra de terras e refinarias;
adulteração de bebidas em larga escala;
importação de milhares de fuzis;
exportação de cocaína por rotas internacionais;
atuação com intermediários da máfia dos Bálcãs;
influência em cargos públicos e aparelhamento de estruturas estatais.
“O crime organizado compra juiz, compra Ministério Público, compra policial, forma delegado de polícia e coloca dentro da Polícia Federal”, disse.
Dantas criticou ainda a PF por, em sua avaliação, priorizar ações contra manifestantes de 8 de janeiro enquanto evita debater infiltrações profundas no sistema de justiça e na máquina estatal.
“Pessoas comuns, sem vinculação partidária, sendo condenadas como terroristas a 14, 15, 16 anos… sem ter um estilingue. Enquanto isso, o crime organizado está dentro das instituições. Precisa mesmo explicar para você?”, questionou.
A advogada Carol Sponza afirmou que a fala de Andrei ecoa a estratégia do governo federal para restringir o que pode ser tipificado como crime organizado, evitando responsabilizações mais amplas.
“Ele está repetindo o discurso do governo. Tentando limitar o máximo o que vai ser tipificado como crime organizado, para manter a impunidade”, disse.
Para Sponza, há risco de que projetos em discussão no Congresso, como o PL Antifacção, sejam “deturpados” para atender à narrativa governista.
O que disse o diretor-geral da PF
Durante sua exposição na CPI, Andrei Rodrigues pediu “clareza” na definição legal de crime organizado, afirmando que o termo é frequentemente usado de forma genérica e imprecisa.
Rodrigues citou operações integradas com Receita Federal, COAF, Banco Central e governos estaduais, além de ações de cooperação internacional na Amazônia, para demonstrar o avanço da PF no enfrentamento às organizações criminosas.
O diretor criticou o uso indiscriminado do termo “crime organizado” e disse que a falta de precisão dificulta a formulação de políticas e investigações eficientes.
