
No Senado, a descrença é maior: 48,2% não veem chances de qualquer medida de anistia. Já 29,6% apostam em redução de penas em 2026 e 3,7% ainda este ano. Apenas 7,4% defendem anistia ampla até 2026, e outros 3,7% acreditam na aprovação ainda em 2025. Indecisos somam 7,4%.
Os dados reforçam que o Legislativo adota postura de cautela, avaliando riscos políticos, jurídicos e de repercussão pública. Mudanças nas penas, caso avancem, devem ocorrer de maneira gradual e após maior distanciamento dos fatos.
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“O resultado deixa claro que, apesar de um apoio relevante ao tema da anistia, há baixa expectativa de que o assunto seja votado no curto prazo”, disse Sperandio.
A pesquisa ouviu 107 deputados e 27 senadores entre 21 e 31 de outubro, com representatividade proporcional das bancadas. A margem de erro é de 2%, com 95% de confiança.
A relatoria que matou a Anistia
O deputado Paulinho da Força afirmou, em entrevista ao UOL, na última semana de outubro que se arrependeu de ter assumido a relatoria do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ele disse que não aceitaria novamente a função e reconheceu a frustração com o impasse que travou o avanço da proposta no Congresso.
“Hoje, eu não aceitaria”, afirmou o deputado. Ele assumiu a relatoria em 18 de setembro com a intenção de ganhar espaço político e protagonismo em um tema que paralisava o Legislativo.
Paulinho da Força busca acordo entre Câmara e Senado para votar anistia até 30/9 e evitar impasse como o da PEC da Blindagem.
Paulinho tem prometido entregar o texto há semanas, mas parou de responder a imprensa como este site já havia reportado e não comenta mais o assunto. Paulinho chegou a dizer para a imprensa que já estruturou tudo “na cabeça” e que a redação técnica poderia ser concluída em poucos minutos por um jurista experiente. Apesar disso, não avança porque os principais atores políticos e jurídicos divergem sobre o conteúdo.
Paulinho chegou a afirmar para a equipe deste site que a relação da Câmara com o Senado foi um dos pontos de bloqueio, mesmo quando havia expectativa de acordo.
Paulinho conversou com líderes de todos os partidos, com familiares de presos, dirigentes partidários e representantes da esquerda e da direita. Ele chegou a receber um documento da defesa dos presos do 08 de Janeiro.
As negociações não chegaram a consenso. A direita critica o relator por não incluir no texto um dispositivo que retire Jair Bolsonaro da condenação. Paulinho defende mudanças no Código Penal para reduzir penas, o que poderia alcançar o ex-presidente, mas sem alterar sua condenação superior a 20 anos. Já a oposição exige anistia ampla, geral e irrestrita, incluindo Bolsonaro e todos os investigados.
Um mês após assumir a relatoria, o efeito buscado não se confirmou.
