
Servidora é presa e corregedoria apura possível esquema de extravio de armamentos em Belo Horizonte
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga o desaparecimento de cerca de 220 armas de fogo que estavam sob custódia da instituição.
O caso veio à tona após policiais flagrarem um suspeito portando uma arma que, segundo o sistema, já havia sido apreendida anteriormente em outra ocorrência.
A descoberta levou à abertura de uma investigação interna sobre um possível esquema de desvio de armamentos envolvendo servidores da 1ª Delegacia do Barreiro, no bairro Jardinópolis, em Belo Horizonte.
Uma servidora da corporação foi presa neste domingo (9), suspeita de envolvimento direto com o sumiço das armas.
Segundo a Polícia Civil, o material extraviado seria composto por armas de baixo calibre, muitas delas classificadas como obsoletas, mas que ainda assim deveriam estar guardadas sob controle institucional.
A irregularidade foi identificada em uma ação de rotina em Contagem, na região metropolitana da capital mineira.
Durante o registro de apreensão de uma arma, agentes descobriram que o mesmo artefato já constava como confiscado em outro inquérito e deveria estar armazenado nas dependências da delegacia.
A checagem do acervo revelou que outras centenas de armas também haviam desaparecido, indicando que o problema pode ter se estendido por meses.
A Corregedoria da Polícia Civil conduz a apuração e informou que o procedimento está em “estágio avançado”.
Em vídeo divulgado à imprensa, o delegado-geral Rômulo Dias afirmou que a instituição atua com “transparência, responsabilidade e rigor na apuração dos fatos”, reforçando o compromisso com a legalidade e a confiança da sociedade.
Para o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol), o caso evidencia um problema estrutural no armazenamento de materiais apreendidos.
O presidente do sindicato, Wemerson Oliveira, afirmou que a ausência das Centrais de Cadeia de Custódia, previstas na Lei nº 13.964/2019, o chamado Pacote Anticrime, tem contribuído para o extravio de provas e armamentos.
“Essas armas não deveriam estar guardadas em delegacias. Falta investimento e estrutura. Até hoje, a Polícia Civil não liberou os recursos para a construção da central, que ficaria sob responsabilidade do Instituto de Criminalística”, disse Oliveira.
As Centrais de Custódia foram criadas para garantir rastreabilidade e controle unificado de todos os objetos apreendidos pelas forças de segurança, mas, segundo o sindicato, nunca saíram do papel em Minas Gerais.
Até o fechamento desta reportagem, a Polícia Civil e o governo estadual não haviam se pronunciado sobre as críticas do sindicato.
