Na manhã desta sexta-feira, em frente à Prefeitura de Curitiba, uma manifestação convocada por um dos sindicatos de servidores municipais resultou em um fracasso notório de público, um dia após o anúncio da reposição da inflação e do pagamento do piso nacional da educação por parte da administração municipal.

O ato, que deveria expressar a insatisfação da categoria, acabou por escancarar o descompasso entre a cúpula sindical e a realidade do funcionalismo. O cenário era de desânimo: mais cadeiras vazias do que manifestantes, com um público visivelmente reduzido.

As tradicionais palavras de ordem e canções de protesto ecoaram para poucos, gerando a sensação de um evento protocolar, com a maioria parecendo ansiosa para finalizar o protesto e, talvez, usufruir do salário pago antecipadamente pela prefeitura na região, como o próximo Shopping Mueller.

O esvaziamento da manifestação surge como um termômetro da percepção da própria base sobre o papel atual das entidades. A prefeitura, ao atender a demandas significativas como a reposição inflacionária e o piso da educação, retirou o combustível principal do protesto.

Observadores políticos e a população em geral há tempos notam que grande parte do movimento sindical se desviou de sua função original de representação e negociação, tornando-se, na prática, um instrumento político-partidário da esquerda e extrema-esquerda. O baixo comparecimento desta sexta-feira sugere que essa percepção, que já era forte entre a população brasileira, parece ter se consolidado também entre os próprios servidores, que demonstram pouco entusiasmo em apoiar pautas que parecem mais alinhadas a agendas ideológicas do que a reivindicações concretas e imediatas da categoria.Livros sobre política

O protesto, longe de ser um grito de guerra, serviu como um eloquente atestado do isolamento da elite sindical de Curitiba, que parece insistir em uma retórica política que já não mobiliza a base.