
Uma nova pesquisa mostra que 70% das praias brasileiras estão contaminadas por microplásticos, revelando um cenário preocupante de poluição nos mares do país. O levantamento, considerado o mais amplo já realizado sobre o tema, foi coordenado a partir de Goiás, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). O estudo faz parte do Projeto MicroMar, do Instituto Federal Goiano (IF Goiano – Campus Urutaí), e foi publicado na revista internacional Environmental Research, da editora Elsevier.
Água engarrafada pode conter microplásticos ligados ao câncer? Confira resposta
Ao todo, foram analisadas 1.024 praias em 211 municípios ao longo de 7,5 mil quilômetros do litoral brasileiro. O resultado é alarmante: 709 pontos apresentaram presença de microplásticos, pequenas partículas invisíveis a olho nu que representam uma ameaça crescente ao meio ambiente e à saúde humana.
Sem litoral, mas protagonista
O Projeto MicroMar é o primeiro levantamento nacional a mapear de forma detalhada a poluição por microplásticos nas praias brasileiras. Coordenado pelo professor Guilherme Malafaia, o estudo envolveu mais de 100 pesquisadores de universidades e centros de pesquisa de todo o país. Segundo ele, o trabalho coloca Goiás, mesmo sem litoral, como protagonista de uma investigação científica de alcance global. “Mostramos que é possível liderar uma pesquisa nacional e internacional a partir do interior do país, com rigor e impacto real”, afirma.
Como os microplásticos no corpo humano podem afetar nossa saúde?
Dados do estudo
O estudo fornece dados valiosos para a formulação de políticas públicas e estratégias de gestão costeira. As informações coletadas devem subsidiar iniciativas como a Estratégia Nacional Oceano sem Plástico (ENOP), do Ministério do Meio Ambiente, além de projetos de lei que tratam da redução de plásticos descartáveis e da economia circular.
As análises mostraram que os microplásticos têm origem em embalagens, tecidos sintéticos, produtos domésticos e materiais de pesca. As partículas foram encontradas tanto em praias urbanas quanto em áreas de conservação, confirmando que a poluição plástica é ampla e persistente.
Além da publicação científica, o MicroMar deve entregar um relatório técnico ao Ministério do Meio Ambiente e às secretarias estaduais, com o objetivo de criar um banco de dados nacional sobre microplásticos. A próxima etapa do projeto prevê a ampliação do monitoramento para ilhas e regiões estuarinas, fortalecendo a integração entre ciência, governo e sociedade no combate à poluição marinha.
Estudo acha microplástico em pulmão humano
