
A Polícia Civil de São Paulo apura se a intoxicação por metanol que já fez onze vítimas no Brasil está relacionada ao uso da substância na higienização de garrafas de bebidas falsificadas. Essa é, até o momento, a principal linha de investigação.
Segundo a apuração, quadrilhas responsáveis pela falsificação utilizariam o metanol para limpar e desinfectar garrafas recolhidas em bares e restaurantes antes de preenchê-las novamente em fábricas clandestinas. Caso a higienização não seja feita de forma adequada, resíduos do solvente permaneceriam no recipiente e contaminariam o produto.
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A investigação aponta que garrafas de destilados, como vodca, gin e uísque, são revendidas a fábricas irregulares, onde o processo de reutilização incluiria a aplicação do metanol. A suspeita surgiu após policiais refazerem o caminho percorrido pelas bebidas consumidas pelas vítimas, chegando a distribuidoras e locais de produção clandestina.
Até o momento, não foram identificados os responsáveis pelo possível esquema, nem a origem do metanol, que é importado.
Apesar de a hipótese da contaminação no processo de limpeza ser a principal, a polícia também investiga se o solvente pode estar sendo utilizado na adulteração de bebidas originais, com o objetivo de aumentar o volume e os lucros.
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Dados da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) indicam que, entre 2020 e 2024, o número de fábricas clandestinas interditadas no país passou de 12 para 80 — uma média de um fechamento a cada cinco dias.
Na quinta-feira (2), após confirmações de mortes ligadas ao consumo de bebidas contaminadas em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal, a Câmara dos Deputados acelerou a tramitação de um projeto de lei que classifica como crime hediondo a adulteração de bebidas alcoólicas ou alimentos.
