
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB) apresentou nesta quinta-feira (2), na Câmara Municipal, a prestação de contas referente ao segundo quadrimestre de 2025. O balanço apontou superávit de aproximadamente R$ 700 milhões em nove meses de gestão e mostrou avanços em áreas fiscais e administrativas, mesmo diante de um passivo herdado de quase R$ 5 bilhões. A audiência também marcou um pedido de desculpas do gestor aos vereadores.
“Hoje as contas estão em dia. Pela apresentação é possível ver o que fizemos, o tanto que foi arrumada essa cidade. Herdamos uma dívida de mais de R$ 5 bilhões e estamos pagando as contas para garantir investimentos”, afirmou o prefeito.
Entre os destaques, Mabel citou a coleta de 20 mil toneladas de lixo, previsão de quase R$ 200 milhões em investimentos na educação e a execução de um programa de limpeza de córregos e bueiros, aliado à manutenção do sistema de drenagem. O prefeito destacou ainda o funcionamento do gabinete de crise durante as últimas chuvas, com 20 equipes atuando nas ruas para evitar alagamentos.
De acordo com os dados apresentados, a receita total da capital cresceu 12% entre janeiro e agosto de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024. O avanço foi puxado pelo aumento da arrecadação própria, que ultrapassou pela primeira vez as transferências constitucionais da União. O ISS teve alta de 14%, reflexo da recuperação de setores da economia e maior eficiência na fiscalização; o ITBI cresceu 10%, acompanhando o dinamismo do mercado imobiliário; e o IPTU avançou 6,09%.
Contenção de despesas e pessoal
No campo das despesas, houve retração global superior a 6% em relação a 2024, resultado de uma política de contenção adotada pela atual gestão. As despesas correntes caíram 5,94%. Já os gastos com pessoal, que no fim de 2024 estavam em 48,56% da Receita Corrente Líquida (RCL), caíram para 46,35% no segundo quadrimestre de 2025, mantendo-se abaixo do limite prudencial da LRF (51,3%). O equilíbrio permitiu a concessão do reajuste da data-base dos servidores, de 4,83%.
O secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, destacou que o decreto de calamidade editado no início da gestão teve caráter pedagógico e disciplinador. “O espírito da calamidade serviu para impor limites em relação aos gastos. Usamos a calamidade como instrumento pedagógico, não para violar normas fiscais. O resultado está aí: conseguimos transformar uma Prefeitura deficitária em superavitária. E posso afirmar que esta gestão entregou o maior superávit da história de Goiânia, aproximadamente R$ 700 milhões”, afirmou.
Nota de Capacidade de Pagamento (CAPAG)
Outro ponto de destaque foi a expectativa de recuperação da nota CAPAG A, emitida pela Secretaria do Tesouro Nacional. Goiânia, que até 2023 detinha a classificação máxima, caiu para nota C em fevereiro de 2025 por desequilíbrios fiscais do exercício anterior. Com os ajustes realizados neste ano, a Prefeitura projeta retomar a nota A no fechamento do terceiro quadrimestre, condição que melhora a capacidade de contratar financiamentos e atrair investimentos.
“Com os indicadores alcançados até agosto, temos segurança em afirmar que Goiânia deve recuperar a nota A. Nossos resultados mostram avanços significativos na gestão fiscal, com crescimento da arrecadação própria, redução das despesas correntes e controle dos gastos com pessoal”, disse Valdivino.
Queda no FPM
As transferências constitucionais, no entanto, tiveram desempenho negativo. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) apresentou queda de 14% no período, reflexo da desaceleração da arrecadação federal. Mesmo com o adicional de 1% aprovado pelo Congresso, a frustração das receitas da União impactou os cofres municipais.
“No caso do FPM, enfrentamos frustrações significativas. Pela primeira vez, porém, as receitas próprias do município ultrapassaram as transferências, graças ao esforço da equipe da Secretaria de Finanças, que elevou em 14% a arrecadação própria”, ressaltou Valdivino.
