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‘Antídoto’ para bebida contaminada com metanol é o etanol, explica secretário
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 03/10/2025 13:31
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Durante a coletiva de imprensa em que foram apresentados detalhes sobre a força-tarefa que visa identificar eventuais fardos de bebida alcoólica contaminados com metanol em Goiás, o secretário de Estado da Saúde, Rasível dos Reis, explicou que o antídoto para esse tipo de envenenamento é o etanol, e que o governo está se movimentando no sentido de preparar um estoque desse produto. O etanol, diz ele, pode ser administrado em pacientes a partir de ampolas ou de sonda nasoentérica.

 

 

 “O antídoto é o álcool etílico especial, que a gente compra em ampolas. Não há disponível esse álcool etílico em ampolas, a gente está buscando uma reserva para o caso de surgirem casos suspeitos, que necessitem de usar esse antídoto. E tem uma outra medicação também, o fomepizol, mas não existe no Brasil e não tem registro na Anvisa, então a gente não pode lançar mão dessa alternativa”, explica Rasível. “Então o que existe de tratamento é a hidratação, o suporte clínico a esses pacientes e, quando não há o álcool etílico em ampola, usar o álcool etílico por sonda nasoentérica”.

 

O secretário ressaltou ainda que os casos suspeitos estão restritos, até o momento, aos estados de São Paulo e de Pernambuco.  “São 43 casos notificados no Brasil, sendo oito óbitos, um deles já confirmado em São Paulo. Outros cinco em investigação em SP e dois em investigação no PE”.

 

Na mesma coletiva, o secretário de Segurança Pública, Renato Brum, explicou que está em campo uma força-tarefa com agentes de fiscalização e das polícias com objetivo de identificar suspeitas de adulteração. Sempre que houver suspeita, o procedimento a ser adotado será o de coletar amostras e enviá-las para Polícia Técnico-Científica.  

 

 

Determinação de Caiado

Em razão dos episódios de contaminação de pessoas pela presença de metanol em bebidas alcoólicas nos estados de Pernambuco e São Paulo, o governador Ronaldo Caiado ordenou, na última quarta-feira (1º), que se faça uma inspeção em distribuidoras de bebidas do Estado de Goiás.

 

“Determinei na data de hoje (1º) uma grande ação com todas as forças policiais, junto com a área da Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo controle sanitário, para que se faça uma vistoria em todas as distribuidoras, extensivas a todo território do estado de Goiás”, afirmou.

 

“Isso é para cada vez mais nos acautelar desse crime que infelizmente ainda acontece nos dias hoje”, afirmou o chefe do Executivo goiano, que garantiu não haver casos suspeitos no estado. “Quero tranquilizar a população de Goiás que não tivemos nenhum registro”, complementou o governador em vídeo publicado nas redes sociais.

 

 

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Metanol em bebidas: casos registrados

Com a morte registrada em São Bernardo do Campo na noite desta terça-feira (30), o estado de São Paulo já registra ao menos seis mortes suspeitas por intoxicação por metanol até esta quarta-feira (1º), sendo um confirmado e cinco em investigação. Ao todo, há pelo menos 37 casos suspeitos no estado, com dez confirmados e outros 27 em investigação.

 

A maior parte das mortes ocorreu em São Bernardo do Campo, que confirma quatro dos seis óbitos na cidade. Em São Bernardo, segundo a prefeitura, todas as pessoas que morreram são homens. Uma das vítimas tinha 38 anos e morreu em 18 de setembro. O outro tinha 58 anos e faleceu em 24 de setembro. No dia 28 de setembro, a vítima foi o advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos. Já na noite desta terça (30), outro homem morreu em casa, aos 49 anos, por suspeita de intoxicação por metanol. A identidade das outras vítimas não foi divulgada.

 

 

Desde segunda, seis estabelecimentos foram interditados cautelarmente pelas Vigilâncias Sanitárias Estadual e dos municípios. Na capital, os bares ficam na Bela Vista, no Itaim Bibi, nos Jardins e na Mooca. Na Grande São Paulo, ainda foram interditados um bar em São Bernardo do Campo e uma distribuidora em Barueri. Além disso, uma distribuidora no estado já teve a inscrição estadual suspensa preventivamente e outras três estão com a situação sob análise para suspensão, e o bar nos Jardins também teve a inscrição suspensa pela Secretaria Estadual da Fazenda logo após interdição do local.

 

Também foram apreendidas 128 mil garrafas de vodca lacradas em Barueri, que aguardam apresentação de documentação, e 802 garrafas apreendidas nesta semana, sendo 660 em distribuidoras e 142 em três bares da capital.

 

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Vítimas internadas

Entre as pessoas que seguem internadas estão Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, que está em estado grave após ingerir vodca com suco de pêssego em uma balada de São Bernardo do Campo, no último domingo (28). O bar onde ela bebeu, o Villa Jardim, foi um dos estabelecimentos interditados pela Vigilância Sanitária nesta terça. Bruna está sedada, realizando hemodiálise e sendo acompanhada por nefrologistas e neurologistas no Hospital de Clínicas do município.

 

Em nota, o bar afirmou que suspendeu temporariamente as atividades e permanecerá fechado “até que a situação seja totalmente esclarecida e a segurança dos clientes possam ser integralmente garantidas”. O estabelecimento afirmou que “todas as bebidas alcoólicas comercializadas no Villa Jardim são adquiridas por meio de distribuidores e fornecedores que estão no mercado há muitos anos”, e que a origem pode ser comprovada por meio de notas fiscais.

 

Outra vítima de intoxicação por metanol é Rafael Anjos Martins, de 27 anos, que está internado há um mês, após ingerir gin comprado em uma adega próximo a sua casa, na Cidade Dutra, Zona Sul da capital. Ele segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital São Luiz de Osasco, na Grande São Paulo, respirando pelo ventilador e não tem fluxo sanguíneo cerebral.

 

Também segue internada Radharani Domingos, de 43 anos, que começou a passar mal um dia após ingerir caipirinhas feitas com vodca em um bar nos Jardins. Ela está internada no Hospital São Luiz da capital e está cega, mas saiu da UTI e foi transferida para o quarto na tarde de segunda-feira (29), segundo seus familiares.

 

O bar onde ela bebeu, o Ministrão, na Alameda Lorena, também foi fechado pela Vigilância Sanitária nesta terça. Em nota, o estabelecimento afirmou que as bebidas “são adquiridas de fornecedores oficiais, com nota fiscal e procedência garantida, provenientes de grandes distribuidoras reconhecidas no mercado” e que os advogados do bar “já estão em contato com os fornecedores para apurar todos os detalhes”.

 

Na noite desta terça, o governo de Pernambuco informou que investiga três casos suspeitos de intoxicação por metanol. Dois homens morreram e um perdeu parte da visão. A Secretaria de Saúde do estado informou nesta terça-feira que o caso foi notificado à Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) pelo Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, que atendeu as vítimas. Dois deles moravam em Lajedo e um de João Alfredo, ambos no Agreste pernambucano.

 

O que é metanol?

O metanol é um produto químico usado em produtos industriais e domésticos, como diluentes, anticongelantes, vernizes e até fluidos de fotocopiadora. Assim como o álcool que consumimos na cerveja, no vinho e nos destilados, o metanol é um líquido incolor com cheiro semelhante ao do álcool encontrado normalmente nessas bebidas, mas muito mais barato de produzir. Isso faz com que ele seja utilizado em bebidas adulteradas.

 

Dificilmente, será possível perceber a adulteração na hora do consumo, dado que seu gosto e efeito é semelhante ao da bebida não adulterada. No entanto, seus efeitos prejudiciais aparecem apenas horas depois, quando o organismo tenta eliminá-lo. A ingestão de pequenas quantidade pode ser extremamente prejudicial à saúde e alguns “shots” do composto podem ser fatais.

 

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O álcool é metabolizado no fígado. No caso no metanol, este metabolismo cria subprodutos tóxicos chamados formaldeído, formato e ácido fórmico. Eles atacam nervos e órgãos, sendo o cérebro e os olhos os mais vulneráveis, o que pode levar à cegueira, coma e morte.

 

A toxicidade do metanol está relacionada à dose ingerida e ao organismo. Tal como acontece com o álcool tradicional, quanto menos você pesa, mais você pode ser afetado por uma determinada quantidade.

 

Normalmente, os efeitos demoram entre 40 minutos e 72 horas para aparecer. Os primeiros sinais são semelhantes ao da intoxicação por álcool e incluem problemas de coordenação, equilíbrio e fala, bem como confusão e vômitos. Ao mesmo tempo, a pressão arterial cai, resultando em uma sensação de tontura e desmaio.

 

Em fases posteriores – cerca de 18 a 48 horas após a ingestão – o ácido fórmico, que interrompe a produção de energia nas células, faz com que o pH do sangue caia, danificando tecidos e órgãos do corpo. Isso pode causar insuficiência renal, convulsões e até sangramento gastrointestinal.

 

A intoxicação por metanol tem tratamento?

Devido ao seu rápido efeito no organismo, o início do tratamento deve ser feito assim que houve suspeita da intoxicação por metanol. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos que podem ser administrados para tentar limpar o sangue, assim como a aplicação de diálise.

 

O antídoto para metanol é o álcool (etanol). Isso porque a metabolização do etanol pelo fígado pode ajudar a atrasar o metabolismo do metanol e reduzir seu efeito tóxico no corpo. Mas isso tem que ser feito rapidamente.

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