
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (11) que a reunião marcada para quarta-feira (13) com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada após a intervenção de forças da “extrema direita” com influência junto à Casa Branca — entre elas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Em entrevista à GloboNews, Haddad disse que o encontro virtual, que trataria da sobretaxa de 50% imposta pelo governo americano a produtos brasileiros, foi suspenso dias depois de ele anunciar publicamente a agenda. Segundo o ministro, Eduardo Bolsonaro chegou a declarar que buscaria impedir contatos diplomáticos entre os dois governos, reforçando que a questão “não era comercial”.
“Não há coincidência nesse tipo de coisa”, afirmou Haddad, que também relatou dificuldades de outros integrantes do governo em estabelecer diálogo com autoridades norte-americanas. A sobretaxa, anunciada em 9 de julho, é uma das mais altas aplicadas aos exportadores brasileiros e, segundo decreto dos EUA, tem motivação política ao citar a suposta perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Haddad disse que a reunião era parte de uma preparação para um possível telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, e que a Fazenda ainda tentou remarcar a conversa, sem sucesso. Enquanto isso, o governo prepara uma medida provisória com linhas de crédito, diferimento de tributos e reformulação do Fundo de Garantia à Exportação para minimizar os efeitos do tarifaço. A MP deve incluir exigências de manutenção de empregos para empresas beneficiadas, com certa flexibilidade conforme o setor e o impacto das tarifas.
A estratégia, segundo o ministro, é abrir novos mercados para reduzir a dependência das exportações aos EUA. “Não vamos colocar todo mundo na mesma moldura, desde o pescado do Ceará até a Embraer”, disse. “A MP oferece instrumentos e diretrizes para que cada empresa seja atendida conforme sua realidade.”
