
A espera por atendimento no SUS é uma dor cotidiana para milhões de brasileiros. Mas e se o tempo de fila pudesse ser conhecido antes mesmo de sair de casa?
Foi com essa pergunta que surgiu a Menos Tempo, uma GovTech brasileira que transforma as filas em dados estratégicos — e coloca essa informação nas mãos do cidadão em tempo real. A proposta é simples e poderosa: informar antes da chegada, para que a pessoa escolha a unidade com menor espera combinada com o deslocamento.
A tecnologia foi desenvolvida em duas frentes complementares.
Em São Paulo, a ideia foi estruturada na Link School of Business, com foco em execução, viabilidade de negócio e impacto público.
Em Goiás, a conexão com o CEIA/UFG (Centro de Empreendedorismo e Inovação da Universidade Federal de Goiás) viabilizou a modelagem técnica, incorporando inteligência artificial e robustez na coleta de dados.
O primeiro case prático foi executado na Região Noroeste de Goiânia, onde a equipe acompanhou presencialmente mais de 3 mil pacientes, entre os dias 1º e 22 de julho, em cinco unidades públicas de saúde — representando cerca de 40% da rede de pronto atendimento da capital.
Cada tempo foi cronometrado com precisão: do momento em que o paciente era chamado para a triagem até o início do atendimento médico. Todo o processo foi realizado sem apoio institucional, com base em metodologia própria de observação direta. O objetivo era comprovar que a startup consegue capturar dados de fila em tempo real de forma autônoma, sem depender da estrutura das prefeituras.
O que os dados revelaram:
• Mais de 80% dos atendimentos eram de baixa urgência (classificação verde)
• Havia grande desequilíbrio entre as filas: unidades menos cheias estavam sendo ignoradas
• A falta de informação antes da saída de casa levava a escolhas aleatórias e filas desnecessárias
A solução é objetiva e acessível: o cidadão envia o CEP por WhatsApp e, em segundos, recebe as estimativas de tempo total (deslocamento + fila) para cada unidade próxima.
Não é necessário baixar aplicativo, nem fazer cadastro. A conversa é direta, automatizada e gratuita.
Além de beneficiar diretamente o cidadão, a plataforma também desafoga as unidades sobrecarregadas, ao distribuir melhor a demanda e permitir uma reorganização mais racional da rede de saúde.
A Menos Tempo opera com tecnologia modular e escalável, podendo ser implantada em qualquer município brasileiro. A contratação pode ser realizada com base na Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/21), em modelos que respeitam os princípios de inovação, economicidade e interesse público.
A tese central da startup é clara:
O paciente já é paciente no momento em que saí de casa.
E quando o tempo vira dado, o sistema de saúde começa a se reorganizar com mais eficiência e inteligência.
