
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, disse ao Mais Goiás que o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fará sofrer não só quem exporta, mas também quem vende ao mercado interno, caso as medidas passem a valer. “Imagine que São Paulo como grande exportador passe a alimentar o mercado interno. Vai diminuir as vendas de quem vende internamente.”
Rocha vai além ao explicar a cadeia. Ele lembra que esse anúncio de Trump não é o primeiro a criar instabilidade. Desde que assumiu, em janeiro, o presidente dos Estados Unidos faz ameaças e dá recados de guerra comercial, o que gera insegurança. “E essa insegurança já retraiu investimentos, o que tem reflexos negativos no mercado brasileiro.”
Segundo ele, outro ponto é que os Estados Unidos, por exemplo, fechou acordos que poderiam ser feitos pelo Brasil, como o etanol de milho e o DDG para o Japão e a Indonésia. “O mercado que Goiás estava conquistando no Japão com etanol, foi conquistado pelos EUA”, expõe outras implicações. “O que ocorre não é só o anúncio dos 50% de sobretaxa aos produtos brasileiros, mas uma série de costuras no comércio global, que implica problemas e desafios em setores da economia.”
De fato, o presidente norte-americano atua para ampliar seu mercado e proteger o interno. André prefere não entrar em questões políticas, mas deixa claro que, diferente do que foi dito na carta de Trump ao presidente Lula (PT), os Estados Unidos têm balança superavitária, vendendo mais do quem compram ao Brasil há mais de 15 anos.
Goiás
Na última semana, ainda em missão no Japão, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), anunciou uma linha de crédito para auxiliar exportadores de produtos aos EUA que deem como contrapartida a manutenção de empregos no Estado. O anúncio ocorreu ao lado de André, que considera que o gestor foi proativo com a medida.
“A primeira reunião foi geral e depois ocorreram outras com as principais cadeias produtivas para entender cada detalhe e a angústia de cada setor. Cada segmento vai passar os impactos previstos [no caso apenas da taxação de 50%] ao governador e o Estado vai tentar minorar os efeitos. A linha de crédito foi a primeira ferramenta, mas juntos vamos nos debruçar para tentar apresentar mais soluções.”
No momento, sem medidas concretas, o presidente da Fieg não pode precisar perdas e desempregos nos setores. Ainda sobre a migração da exportação para mercado interno e abertura de mercado aos EUA, ele cita que Goiás vende muito etanol para São Paulo e o Nordeste. “Se eles deixarem de comprar de Goiás e passarem a comprar dos Estados Unidos, o prejuízo será grande.”
