
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (17) que o Brasil não cederá às pressões do governo dos Estados Unidos para aliviar a regulação e a tributação das plataformas digitais no país. Em discurso durante o 60º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Goiânia, o petista reforçou a soberania nacional diante da ofensiva norte-americana, liderada pelo presidente Donald Trump.
“Vamos cobrar imposto das empresas americanas digitais”, declarou Lula, ao criticar a tentativa da Casa Branca de vincular a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a mudanças no ambiente digital regulatório do Brasil.
Sem detalhar os mecanismos, Lula disse que “não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República” e acusou Trump de desrespeitar a soberania brasileira. “O mundo tem que saber que este país só é soberano porque o povo é soberano e tem orgulho dele.”
A ofensiva de Trump, por meio do USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA), incluiu críticas a decisões judiciais brasileiras, especialmente às determinações do STF que resultaram na remoção de conteúdos considerados antidemocráticos em redes sociais. O USTR alegou que decisões “secretas” prejudicam empresas dos EUA e restringem a liberdade de expressão.
Lula rebateu. Disse que o Brasil não permitirá que, “em nome da liberdade de expressão, fiquem falando mentira, façam violência entre crianças, contra mulheres, os negros, LGBTQIA+”. E reafirmou que a regulação das redes seguirá em curso, sob supervisão do STF.
O presidente também criticou a ausência de resposta dos EUA à carta enviada pelo governo brasileiro em maio, com sugestões de acordo. Segundo ele, o único retorno foi “uma intimidação pública” por meio de uma carta de Trump, sem qualquer disposição para diálogo.
Lula informou que delegou ao vice-presidente Geraldo Alckmin e ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a condução das tratativas com Washington, destacando que o Brasil está aberto à negociação, mas não à submissão.
Lula voltou a responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo pela escalada das tensões com os EUA. Chamou ambos de “traidores do século 20 e 21” por atuarem, segundo ele, contra os interesses do país. “Eles não tiveram preocupação com os prejuízos que essa taxação vai trazer à indústria, ao agronegócio e aos trabalhadores brasileiros.”
O petista também mencionou que o governo americano se baseia em uma “narrativa golpista” para justificar medidas econômicas e reiterou que Bolsonaro será julgado “porque ele e os aliados se delataram, não por vontade do Lula”.
