
O delegado da Polícia Federal Fabio Shor, responsável pelo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, não compareceu à audiência desta quarta-feira (16), no Supremo Tribunal Federal (STF), onde havia sido convocado para depor como testemunha.
A oitiva, marcada a pedido da defesa de Filipe Martins — ex-assessor especial da Presidência —, seria realizada por videoconferência, com condução do ministro Alexandre de Moraes. Shor, no entanto, não entrou na sala virtual e, segundo o advogado Eduardo Kuntz, encontra-se de férias. Ainda de acordo com a defesa, ele foi informado tanto presencialmente quanto por mensagem no WhatsApp, mas optou por não participar.
A ausência surpreendeu a Corte e gerou embate no plenário. Moraes questionou a pertinência da convocação, destacando que Shor atuou apenas nas investigações e não presenciou os fatos. O advogado de Martins, Jeffrey Chiquini, insistiu na oitiva, afirmando que faria perguntas exclusivamente sobre o processo investigativo. Moraes inicialmente acatou o pedido, mas recuou em seguida, determinando que os advogados indiquem nova data até 21 de julho.
Shor é o principal responsável pelas investigações da PF no chamado “Núcleo 1”, que trata do uso da máquina pública para interferir nas eleições de 2022. Ele assinou o indiciamento de Bolsonaro por envolvimento em suposta trama para impedir o acesso de eleitores ao voto, especialmente no Nordeste, reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), concorrente direto do ex-presidente.
A defesa de Martins buscava confrontar elementos do inquérito conduzido por Shor, incluindo trechos de depoimentos prestados por outros alvos da investigação, como Marcelo Câmara e o próprio Martins.
A ausência do delegado alimenta críticas de bolsonaristas, que veem contradições no andamento da investigação. Nos bastidores, o gesto também causou desconforto entre integrantes da Corte e da PF, por tratar-se de peça-chave na denúncia formal apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
