
Em encontro com empresários nesta terça-feira (15), o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou que não pretende aplicar a Lei de Reciprocidade em resposta à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida, determinada pelo presidente norte-americano Donald Trump, entra em vigor no início de agosto e preocupa o setor produtivo nacional.
Segundo relato do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), José Velloso, os ministros presentes na reunião descartaram qualquer intenção de retaliar. “Em momento algum os ministros falaram sobre o uso da Lei de Reciprocidade. Consideramos isso positivo. Defendemos que o Brasil não reaja com a lei, para evitar uma escalada imprevisível”, afirmou.
A posição oficial do Planalto é de priorizar o diálogo diplomático e preservar o comércio bilateral. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que a meta é evitar o agravamento das tensões com os EUA, enquanto o chefe da Casa Civil, Rui Costa, destacou que medidas reativas podem “inviabilizar” o intercâmbio comercial entre os dois países.
“Se o Brasil retaliar e aplicar alíquotas altas, o comércio entre os dois países será inviabilizado. Isso pode levar à paralisação do comércio bilateral e até ao desinvestimento”, alertou Velloso.
Também participaram da reunião os ministros Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Simone Tebet (Planejamento) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). O empresariado brasileiro manifestou preocupação com a perda do mercado norte-americano, especialmente no setor de manufaturados, onde há menor possibilidade de redirecionamento da produção.
“Na indústria de manufaturados, não existe desvio de comércio possível. Perdendo o cliente norte-americano, ele dificilmente volta”, alertou o presidente da ABIMAQ, ressaltando a gravidade da situação.
A sinalização do governo brasileiro ocorre em meio à escalada de tensões comerciais promovida por Trump, que tem endurecido o tom contra o Brasil e ameaçado com novas sanções caso o país não adote postura mais alinhada aos interesses dos Estados Unidos.
