
O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, entregou seu pedido de demissão nesta sexta-feira (4), em meio ao agravamento da crise financeira da estatal e à crescente pressão política. A empresa encerrou 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões — quatro vezes superior ao registrado em 2023, quando o déficit foi de R$ 633 milhões. No primeiro trimestre de 2025, os Correios já acumulam perdas de R$ 1,7 bilhão.
A demissão foi entregue no Palácio do Planalto a assessores do presidente Lula, que está no Rio de Janeiro. A saída, no entanto, só deve ser oficializada após conversa direta entre o chefe do Executivo e o agora ex-dirigente da estatal. Fontes do governo afirmam que a permanência de Fabiano se tornou insustentável após cobranças do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), pela substituição no comando dos Correios — cargo que passou a ser cobiçado por setores aliados do governo.Coisas para fazer perto do Rio de Janeiro
Além das pressões políticas, aliados de Fabiano mencionam questões de saúde como um dos fatores que pesaram em sua decisão. A gestão dele vinha sendo alvo de críticas, sobretudo após a divulgação do balanço de 2024, que revelou o pior desempenho financeiro entre as estatais no período.
A estatal atribuiu parte do prejuízo à chamada “taxa das blusinhas”, que impôs tributação sobre compras internacionais de baixo valor, especialmente vindas da China. Segundo a empresa, a medida teria impactado significativamente o volume de encomendas e a receita com logística internacional.
Apesar do rombo e da insatisfação entre os servidores, o presidente Lula não demitiu formalmente o dirigente. A saída, ao que tudo indica, foi construída para evitar novo desgaste público num setor já fragilizado — e pode abrir espaço para reconfigurações políticas em torno da gestão da estatal, atualmente vinculada ao Ministério das Comunicações.
