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Governo Lula volta a atacar taxa de juros, mas poupa presidente do BC
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 02/07/2025 12:48
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O lançamento do Plano Safra 2025/2026 nesta terça-feira (1º/7) virou mais uma vitrine para o discurso recorrente do governo Lula contra a taxa básica de juros. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, criticou publicamente o Banco Central pela manutenção da Selic em 15%, alegando não compreender os fundamentos econômicos que justificariam juros tão elevados. “Com inflação controlada, gastos sob controle, desemprego em queda e economia crescendo, não entendo uma Selic de 15%”, afirmou, ainda que tenha reconhecido não ser economista.

 

Apesar das críticas enfáticas, Fávaro fez questão de direcionar sua insatisfação de forma respeitosa ao atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo próprio governo Lula. A postura contrasta com o tom ácido adotado pelo Planalto no passado, especialmente durante a gestão de Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

 

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, reforçou o coro contra o BC e disse que os “juros atrapalham a criação de empregos”, atribuindo a lentidão no crescimento econômico à atual política monetária. “Somos escravos dos juros altos”, declarou, ao comentar dados do Caged sobre o mercado de trabalho.

 

Apesar da retórica, o governo absorveu o impacto dos juros elevados no Plano Safra com uma equalização que limitou as taxas para o produtor rural entre 1,5% e 2%. O montante anunciado para o programa, R$ 516,2 bilhões, foi apresentado como o maior da história para a agricultura empresarial. Na prática, o Executivo segue tentando manter sua agenda de estímulo mesmo sob condições monetárias adversas.

 

A postura do governo, no entanto, revela uma contradição estratégica: critica a política de juros com base em argumentos populistas, enquanto evita confrontar o presidente do Banco Central escolhido por ele mesmo. A aposta em discursos indignados — mas cuidadosamente calibrados para poupar aliados — expõe a tentativa do governo de terceirizar responsabilidades pelos obstáculos ao crescimento, enquanto ignora os sinais de desconfiança fiscal e os riscos inflacionários que sustentam a política monetária atual.

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