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Após pressão do Congresso, Haddad apresenta proposta alternativa ao aumento do IOF com taxação de fintechs, bets e LCI
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 10/06/2025 12:42
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou uma proposta alternativa ao aumento do IOF, após intensa pressão do Congresso Nacional e do setor financeiro. A medida, articulada com líderes do Legislativo durante uma reunião de mais de cinco horas na residência oficial da Câmara, em Brasília, inclui ‘recalibragem’ do imposto e compensações por meio da taxação de fintechs, apostas esportivas e aplicações até então isentas, como LCI e LCA.

 

Segundo Haddad, a proposta será formalmente apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (10) e enviada ao Congresso por medida provisória, revogando trechos do decreto que causou forte desgaste político ao governo no mês passado.

 

 

“Vamos recalibrar o decreto do IOF, focando no seu caráter regulatório. Com isso, reduzimos as alíquotas previstas originalmente, que serão compensadas por outras medidas fiscais”, disse Haddad após o encontro.

 

A expectativa de arrecadação com o novo modelo caiu de R$ 20 bilhões para cerca de R$ 6 bilhões. A diferença será compensada com novas taxações e cortes de subsídios. “São dois temas que vão ser tratados juntos porque, por lei, preciso dessas medidas compensatórias para manter o ritmo de cumprimento das obrigações fiscais do país”, afirmou o ministro.

 

Os principais pontos da nova proposta:

Taxação de 5% sobre LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio)

Alíquota entre 15% e 20% de CSLL para fintechs e outras instituições financeiras, substituindo a anterior de 9%

Aumento de 12% para 18% na tributação das apostas esportivas (bets)

Corte de 10% nos gastos tributários

Revisão de gastos primários, a serem negociados com as bancadas no Congresso

Haddad também antecipou que todas as cláusulas do decreto do IOF serão revistas, inclusive a do chamado “risco sacado”, mecanismo de antecipação de valores por bancos a varejistas — um dos pontos que geraram maior resistência entre parlamentares.

 

 

Recuo após crise

A proposta original de aumento do IOF, divulgada em maio, provocou forte reação no mercado e no Congresso. Mais de 20 projetos de decreto legislativo foram apresentados nas duas casas para barrar os efeitos do texto. O governo recuou parcialmente, revogando a taxação mais alta sobre fundos nacionais no exterior, com impacto estimado de R$ 1,4 bilhão a menos na arrecadação.

 

A nova proposta surge após o ultimato dado pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que haviam cobrado do Ministério da Fazenda uma alternativa mais viável e politicamente palatável até este fim de semana.

 

 

“A medida provisória traz uma compensação financeira menos danosa do que o decreto original do IOF”, disse Motta. Alcolumbre, por sua vez, classificou o novo desenho como um avanço no “diálogo político e institucional”.

 

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também participou da reunião e afirmou que o governo está “disposto a dialogar” para manter o equilíbrio fiscal. Em publicação nas redes sociais, Gleisi criticou o alto patamar da taxa de juros e afirmou que o Brasil poderia estar em melhores condições fiscais se não fosse o custo da dívida pública.

 

 

“Enquanto alguns especulam e outros torcem contra o país, Lula trabalha com seriedade e confiança por um Brasil melhor”, escreveu.

 

 

A expectativa no Planalto é que a nova proposta alivie a crise política instalada com o Legislativo e reforce a imagem de responsabilidade fiscal do governo, sem pressionar excessivamente setores sensíveis da economia. A MP deve começar a tramitar nos próximos dias e será acompanhada de perto pela equipe econômica e líderes do Congresso.

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