
A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), às vésperas de sua viagem à França, acendeu o sinal de alerta entre parlamentares da oposição. Em entrevista recente, o petista admitiu ter orientado a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) a agir com “muita cautela” nas investigações sobre o escândalo bilionário que envolve o roubo de valores de aposentados do INSS. O caso pode ter atingido cerca de 9 milhões de pessoas em todo o país.
A revelação provocou uma reação imediata no Congresso. Deputados conservadores e de outros partidos de oposição passaram a discutir internamente a apresentação de um novo pedido de impeachment contra Lula, sob a justificativa de crime de responsabilidade por possível interferência indevida em órgãos de controle e investigação.
Parte do incômodo da oposição também se concentra nos alvos potenciais da investigação. Entre os sindicatos apontados como beneficiários do esquema está o “Sindicato dos Aposentados e Idosos da Força”, cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão de Lula. O petista, em sua fala, elogiou entidades sindicais e pediu cautela nas apurações, o que, para opositores, soa como tentativa de blindagem política.
Outro nome citado nos bastidores é o de Milton Cavalo, ligado ao PDT e ao atual ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Ele estaria por trás do Sindinapi, entidade que recebeu R$ 259 milhões no esquema. Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), ligada a familiares do deputado Carlos Veras (PT-PE), aparece como a maior beneficiária, com supostos repasses que somam R$ 3,6 bilhões.
Parlamentares da oposição questionam o motivo pelo qual, mesmo diante da gravidade do esquema e da dimensão das cifras envolvidas, ainda não tenham ocorrido prisões. Para esses setores, a ausência de medidas mais duras se explicaria justamente pela orientação presidencial de “cautela” — expressão que passou a circular com intensidade nos bastidores de Brasília desde a entrevista.
