
Uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Ceará, com apoio de forças policiais do Rio de Janeiro, apontou que integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) atuaram diretamente para influenciar o resultado das eleições municipais de 2020 em Santa Quitéria, no interior cearense. A apuração revelou um esquema que envolvia compra de votos, intimidação de eleitores e ameaças ao cartório eleitoral local, com base de comando estruturada na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro.
A operação, deflagrada no sábado (31), cumpriu mandados de prisão, busca, apreensão e sequestro de bens contra alvos ligados à organização criminosa. Os líderes da ação, segundo as autoridades, operavam de forma remota a partir da comunidade carioca, mantendo articulação com criminosos no Nordeste e exercendo influência sobre o pleito eleitoral em Santa Quitéria. Foram apreendidas armas de fogo, drogas, munições e bens de origem ilícita.
A ação é resultado de um acordo de colaboração premiada firmado no âmbito de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), homologado pelo Ministério Público Eleitoral. Com base nos relatos e provas obtidas, a Justiça cassou os mandatos do então prefeito e do vice-prefeito eleitos no município e determinou a anulação total da eleição.
Na sentença, o Judiciário reconheceu o abuso de poder político e econômico derivado da atuação da facção. A denúncia cita episódios de compra de votos, ameaças de represália contra eleitores e até a elaboração de planos para atacar o Cartório Eleitoral da cidade, com objetivo de desestabilizar o processo eleitoral.
Segundo a apuração, enquanto interferia no cenário político cearense, o Comando Vermelho mantinha uma base de operações na Rocinha. Os líderes foragidos utilizavam a comunidade como refúgio e centro logístico, onde contavam com apoio da estrutura local da facção.
A ação policial contou com a participação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), da Secretaria de Segurança Pública do Ceará e de forças policiais dos dois estados.
